Blog

O ABC e XYZ da Salvação


O Perigo de Pregar uma "Salvação Fácil"

Qualquer pastor que valha o pão que come preocupa-se com evangelismo e com a salvação das almas. Nenhum pastor evitaria uma pessoa que esteja interessada em saber mais sobre Jesus Cristo. Ajudar a trazer as ovelhas de Deus ao aprisco é uma tarefa prazerosa e um privilégio que não tem comparação com nada neste mundo. No entanto, como é o caso com tudo o que se refere à natureza humana, essa maravilhosa área da experiência cristã também foi tocada pela carne e vulgarizada durante o processo.

Aos olhos dos homens, os ministros são inspecionados e avaliados de acordo com vários fatores — sendo normalmente o tamanho da congregação o mais importante da lista. Freqüentemente, os comitês de sucessão pastoral nas grandes igrejas nem chegam a considerar um possível candidato, a não ser que seja comprovadamente um "ganhador de almas" e tenha um histórico de "edificação de igrejas". E ai do pobre pastor que deixar de atingir as expectativas em termos de crescimento de igreja! O resultado dessa tendência puramente humana é que a contagem de cabeças tornou-se a maior preocupação na maioria das igrejas evangélicas. O "sucesso" espiritual só estará sendo alcançado se os números continuarem crescendo e isso significa que precisamos fazer todos os esforços para trazer os pecadores perdidos à igreja. Campanhas promocionais do tipo "preencha um banco no próximo domingo", "traga um vizinho", etc., são constantemente promovidas de forma a fazer aumentar os números. Isso soa familiar para você? Deve soar, pois tem sido uma epidemia há vários anos.

Quem não fica emocionado quando uma alma vem a Jesus Cristo e nasce de novo? Quem não fica tocado quando os indivíduos exibem todas as evidências de transformação pelo Espírito Santo e seguem a ordenança do Senhor no batismo? Quem não fica alegre em vê-los "crescer na graça e no conhecimento do Senhor Jesus Cristo" e segui-lo fielmente mesmo nas adversidades? Por outro lado quem também não fica entristecido ao ver multidões de pessoas que professavam a fé lentamente sumirem de vista, sem nunca mais vir à igreja, ou então saber que foram para outra igreja na cidade, em busca do entretenimento oferecido ali? Todos sabemos e compreendemos que por causa da natureza humana parte disso é inevitável e ocorrerá mesmo na melhor das circunstâncias, mas a enormidade do problema nos dias atuais requer uma explicação! O que você supõe estar fundamentalmente errado?

A resposta é ao mesmo tempo simples e perturbadoramente complexa. É simples, no sentido que Jesus Cristo está sendo oferecido por vendedores insistentes àqueles que realmente não o desejam -, e complexa, porque os vendedores não crêem que estejam fazendo isso!

Você já comprou alguma coisa que não queria somente por causa da insistência e das técnicas de pressão empregadas por um bom vendedor? Se isso nunca aconteceu com você, então faz parte da minoria! Quase todos nós, em um momento ou outro, já caímos vítima dessa técnica de vendas irritante, porém eficiente. Na verdade, ela é tão eficiente que o telemarketing a utiliza para faturar milhões por ano. Eles exploram o fato que alguns indivíduos têm uma resistência tão baixa à pressão psicológica que simplesmente não conseguem dizer "Não!" e permanecer irredutíveis. Como conseqüência, muitas dessas pessoas acabam comprando muita coisa que não queriam e nem precisavam. Quando algum vendedor tenta usar essa técnica comigo, fico irritado e em algumas ocasiões já cheguei a ser rude com aqueles que interromperam meu jantar (aparentemente o melhor horário que eles têm para ligar) tentando me vender alguma coisa em que não estou interessado. Infelizmente, porém, a prática não desaparecerá, a não ser que entre em vigor uma lei classificando-a como crime! (Sem brincadeira — assim que digitei a palavra "crime", fui interrompido por outra ligação!) Simpatizamos uns com os outros por causa dessa aflição comum, mas poucos parecem reconhecer que a mesma técnica psicológica é utilizada todos os dias da semana e, especialmente aos domingos, para "vender" Jesus Cristo às massas.

A salvação é algo tão maravilhoso que queremos compartilhar nossa fé com outras pessoas e falar de Jesus Cristo a elas, para que também sejam salvas. No entanto, no nosso zelo e entusiasmo, em algum momento as técnicas misturam-se com a doutrina. A busca por resultados leva à busca por números, a busca por números leva a "tudo o que for necessário", e "tudo o que for necessário" leva a um número incontável de joio entre o trigo. Estou convencido que tudo isso acabará resultando na maior deserção já vista durante a Época da Igreja — a apostasia total — um êxodo em massa de cristãos nominais, que muito provavelmente será acionada por algum evento relacionado com o aparecimento do Anticristo. Aqueles que fizeram falsas profissões de fé em Cristo mostrarão suas verdadeiras faces, desertando nos tempos de crise — e a maioria sairá muito antes! Assim, de que maneira todas essas pessoas foram aceitas como membros da igreja? Bem, o Diabo certamente planejou alguns casos (e é tecnicamente o responsável por todos), mas a maioria recebeu muita ajuda dos cristãos que têm mais zelo do que conhecimento.

Somente o próprio Deus sabe exatamente quantas pessoas "aceitaram" a Cristo porque foram na verdade pressionadas a fazer isso. Talvez você nunca tenha pensado a esse respeito, mas a reação à pressão psicológica pode ter muitas formas e o desejo de agradar pode ser uma delas! O funcionamento interno da mente humana ainda não é totalmente compreendido, mas sabemos o suficiente para reconhecer que as pessoas respondem às diferentes situações de modos amplamente divergentes. Por exemplo, quando muitas pessoas ouvem a proposta de que para obterem a vida eterna basta que creiam em Jesus Cristo e façam a "oração do pecador", elas vêem isso como uma oportunidade boa demais para perder — enquanto outras podem achá-la ridícula e não quererem nem saber. Então existem aqueles que precisam de convencimento e apenas um pouco de pressão "sabemos o que é melhor para você" pelo pregador já é suficiente. Isso acontece o tempo todo nas igrejas e nas campanhas de reavivamento em que é feito um apelo no final da pregação. Palavras sutis — e algumas vezes não tão sutis — aumentam a pressão sobre as pessoas, para que sejam induzidas a ir à frente e "tomar uma decisão ao lado de Cristo". Todo o serviço — a música e o sermão — são cuidadosamente escolhidos para garantir o máximo de efeito. Os televangelistas ganham a vida assim há vários anos e não é nada mais do que uma técnica de vendas por meio da pressão psicológica. Algumas pessoas são genuinamente salvas como resultado? Não tenho nenhuma dúvida quanto a isso, pois sempre que a simples e sobrenatural mensagem do evangelho é anunciada, Deus opera nos corações para chamar algumas das suas ovelhas. Mas será se o Espírito Santo precisa desses artifícios para realizar Seu trabalho? A resposta encontra-se no inegável fato histórico que esses métodos eram desconhecidos antes do século XIX!

Em seu excelente livro Revival and Revivalism, o autor Iain Murray documenta, entre outras coisas, a ascensão do evangelista norte-americano Charles Grandison Finney à fama pouco antes da Guerra Civil. Esse homem brilhante, que foi teólogo e evangelista, estudou com grande interesse os tremendos reavivamentos que ocorreram nos EUA e na Europa no passado e na sua época. A conclusão final dele foi que "o reavivamento poderia ser produzido quando se desejasse" usando o que veio a ser chamado de "novas medidas para uma nova teologia". Ele rompeu claramente com a antiga e sólida posição soteriológica [respeitante à doutrina da Salvação] calvinista dos batistas e presbiterianos e adotou a doutrina arminiana do "livre arbítrio". Sua apresentação evangelística da mensagem do evangelho também adotava vários métodos que ele observou em algumas igrejas do interior durante seus anos iniciais como evangelista itinerante. A mais importante delas era a prática de fazer um apelo no fim do sermão, o uso de um "banco dos convertidos" e "uma chamada para vir à frente". Sua aplicação da pressão psicológica sobre os potenciais convertidos resultou em muitas "decisões ao lado de Cristo" e chamou a atenção dos demais pastores. Logo, eles também estavam experimentando resultados similares usando os métodos de Finney e, em poucos anos, a antiga forma estava grandemente descartada. No entanto, precisamos observar que antes de morrer, Finney foi forçado a admitir que a maioria das "decisões" feitas durante suas campanhas de reavivamento não eram reais e as pessoas em questão voltaram atrás, em busca de seus caminhos antigos. Esse é um triste comentário sobre um início auspicioso, mas as sementes já tinham sido lançadas e estamos agora colhendo os "benefícios".

O erro fundamental de Charles Finney foi não compreender que somente Deus pode trazer o reavivamento ao Seu povo. O verdadeiro reavivamento é entre os cristãos, daí o termo reavivamento! Ninguém pode ser reavivado como um filho de Deus sem primeiro ter passado pela experiência do novo nascimento. O Espírito Santo opera o reavivamento e a salvação das almas é um produto derivado. As boas intenções e os métodos adotados pelos pastores e evangelistas não podem mudar esse fato básico. Os pseudo-reavivamentos podem ser e são gerados entre multidões emocionalmente energizadas que foram condicionadas psicologicamente por meio da música, do testemunho de personalidades famosas, etc. e de sermões que motivam uma resposta. Milhões de pessoas no mundo inteiro estão convencidas que vão para o céu simplesmente porque obedeceram às instruções de evangelistas como Billy Graham e foram à frente para "receber a Cristo". Essa prática, que não tem base alguma nas Escrituras, é conhecida como "salvação fácil" e é uma descrição precisa do que ocorre na maioria dos casos. As pessoas aprendem que precisam crer e aceitar a Cristo como Senhor e Salvador. No entanto, o comportamento delas mais tarde prova que a maioria respondeu com uma crença intelectual e sua profissão de fé de ter "aceito a Cristo" como Senhor e Salvador não foi genuína. Como dizem alguns pastores, elas tiveram uma "compreensão intelectual" da mensagem, mas não a aceitaram em seus corações.

Assim, quais lições podemos aprender dos últimos cem anos de evangelismo de linha de montagem? É possível que as "novas medidas para uma nova teologia" de Finney estivessem erradas? Se nos divorciarmos dos vínculos emocionais com o dogma familiar e fizermos um exame objetivo e imparcial nas Escrituras, a resposta precisa ser afirmativa! A teologia popularizada por Finney e refinada por muitos outros, baseia-se em uma estrutura de "textos de prova" tão fina que chega a ser ridículo. Ao mesmo tempo, a posição que ela desalojou dos corações da maioria está suportada de forma muito mais sólida nas Escrituras.

Se você duvida disso, desafio-o a encontrar um único verso na Bíblia que nos instrua a "aceitar a Cristo" ou "tomar uma decisão ao lado Dele" — usando esses termos. Na verdade, você somente encontrará um ou dois que vagamente implicam isso. Não é razoável esperar que esse princípio fundamental fosse abundantemente suportado em toda a Palavra de Deus? De forma similar, peço que você procure todos os versos que ensinam a doutrina do "livre arbítrio" do homem não-regenerado e sua capacidade de "aceitar a Cristo", sendo que a Bíblia nos diz que ele está "morto em suas ofensas e pecados" [Efésios 2:1] e é incapaz de compreender as coisas espirituais. [1 Coríntios 2:14] A partir da minha própria investigação, posso dizer que quando você completar sua pesquisa, não poderá convencer um júri com todas as evidências que encontrará. Além disso, o conceito do livre arbítrio é inegavelmente um dogma da Igreja Católica Romana e o Concílio de Trento (no século XVI) pronunciou diversos anátemas contra qualquer um que ousasse ensinar de forma diferente. Somente esse fato deve alertar o cristão evangélico conservador/fundamentalista para a falta de validade nas Escrituras.

Assim, sendo esse o caso, o que a Bíblia ensina referente aos elementos necessários para a salvação em Cristo? Primeiro de tudo, o princípio número um que precisamos ter em mente é que "a salvação é do Senhor" [Jonas 2:9b] e que o homem não contribui em nada para ela. Na verdade, a salvação dos filhos de Deus é uma questão totalmente decidida antes da criação do mundo, como Efésios 1:4-5 diz claramente:

"Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade."

O apóstolo Paulo confirma isso em Romanos 8:29-30, onde lemos:

"Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou."

Assim, somos levados a compreender que, no que diz respeito a Deus, a salvação de Seus eleitos foi decidida antes da criação da primeira molécula! Muitos tropeçam e não conseguem compreender a doutrina da salvação porque confundem "nascer de novo" com o decreto de Deus da justificação — o ato que confere a salvação. Quando Cristo disse a Nicodemos em João 3 que ele precisaria nascer de novo para entrar no reino dos céus, estava referenciando o nascimento espiritual, que seria necessário antes que Nicodemos pudesse crer. Lembre-se que os homens não-regenerados estão mortos espiritualmente (nascem assim) e são totalmente incapazes de compreender as coisas espirituais. [Efésios 2:1 e 1 Coríntios 2:14] Todos os filhos eleitos de Deus foram justificados (salvos antes da fundação do mundo), [Efésios 1:4 e Romanos 8:30] mas precisam renascer espiritualmente nesta vida para poderem crer. Em seguida, sua resposta, subseqüente ao novo nascimento, é crer em Jesus Cristo! Atos 13:48 diz:

"... e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna."

A partir disso, vemos o fato inescapável que a crença é na verdade o resultado da salvação e não a causa!

Goste você ou não, a predestinação é uma doutrina bíblica fundamentada por muitas passagens das Escrituras. O próprio Deus, e não o homem, decidiu quais nomes apareceriam no "Livro da Vida do Cordeiro" — e, por extensão, quais passariam a eternidade no Inferno, e esse ato inegável é repugnante à nossa natureza humana depravada. Os homens tentam de todas as maneiras encontrar formas na Bíblia para não precisarem encarar essa verdade e a teologia de Finney foi bem sucedida por certo tempo. É o que chamo de "última tentativa do homem de participar em sua própria salvação". Qualquer um que seja pelo menos um pouco conservador e fundamentalista em sua compreensão da Palavra de Deus precisa admitir que o princípio de que as obras contribuem para a salvação é firmemente condenado nas Escrituras. No entanto, aparentemente, há algo bem no fundo de nossa natureza depravada que simplesmente não consegue renunciar ao desejo de ter a última palavra sobre nossa própria salvação. A reclamação comum contra a soteriologia calvinista é que Deus não força a salvação sobre ninguém e o homem é livre para aceitar ou rejeitar a Cristo. Essa assim chamada "liberdade do arbítrio" é uma pedra fundamental muito debatida na teologia agora em voga. Entretanto, preciso fazer uma pergunta não tão óbvia: Como pode um escravo ter livre arbítrio? A Bíblia diz claramente que o perdido é um escravo de Satanás e é totalmente incapaz de ser qualquer outra coisa. Ele está morto espiritualmente, incapaz de compreender as Escrituras — porque elas se discernem espiritualmente [1 Coríntios 2:14] — e acima de tudo é um escravo! Como ser humano ele possui um arbítrio, mas esse arbítrio é subserviente à vontade de Satanás.

A não ser e até que o próprio Deus intervenha com os dons do arrependimento e da fé que resultam no novo nascimento, a crença genuína em Cristo nem mesmo é possível! A vida espiritual ("despertada por Deus") é fundamental e logicamente um pré-requisito para a crença, porém a maioria não crê ou não ensina mais esse princípio básico da soteriologia.

O Deus Todo-Poderoso, não o indivíduo, determina quem será salvo e essa decisão já foi tomada "antes da fundação do mundo" [Efésios 1:4] quando Ele escolheu Seu povo eleito "em Cristo". Dizer que alguém "aceita" a Cristo como Senhor e Salvador na verdade avilta e reduz a glória devida a Deus pelo que lhe custou prover a salvação. Um estudo cuidadoso da Palavra de Deus revelará que Deus é muito ciumento do louvor, da honra e da glória que lhe são devidos e muitas passagens bíblicas dizem que Ele não permitirá que o homem se glorie de suas próprias obras. Por exemplo, Efésios 2:8-9 diz:

"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie."

Portanto, afirmar que a salvação, mesmo por um instante, depende do exercício da vontade é afirmar que você teve percepção suficiente para reconhecer um "bom negócio" quando o viu e o aproveitou! "Aceitar" e "decidir" são verbos — como em "Fiz uma decisão ao lado de Cristo". Os verbos indicam ação, e ações indicam obras, e as obras não entram na doutrina bíblica da salvação! A maravilhosa e ilimitada graça de Deus concede-lhe a salvação (se de fato a possui) e você não teve nada que ver com ela. Afirmar que você a aceitou é rebaixar Deus e deixar de atribuir a honra e a glória devidas a Jesus Cristo. A única incumbência que pesa sobre você como receptor da graça é crer — e você crerá, se for um dos eleitos de Deus, "escolhidos em Cristo antes da fundação do mundo".

A doutrina da soteriologia atualmente em voga, que é o legado de Charles Finney, é o ímpeto que está por trás do Movimento Neo-Evangélico e fornece a cola que une os muitos elementos denominacionais diversos na cooperação ecumênica. O apelo básico é que coloca o ônus da salvação sobre o indivíduo e se eles a rejeitarem, não têm ninguém a quem acusar, senão a si mesmos. Muitos são os pregadores que dizem estas palavras ao encerrar sermão: "Deus já fez tudo o que podia, agora o resto é com você." Se eles admitem isso ou não (e provavelmente não), esse sistema de soteriologia foi concebido de forma a escusar Deus pela escolha dos eleitos para a salvação, ignorando totalmente o capítulo 9 de Romanos! O calvinismo é hoje uma doutrina rejeitada por esses indivíduos e agora você sabe o porquê!

O fato simples da questão é que os eleitos de Deus nascem neste mundo como ovelhas — mas estão mortos em ofensas e pecados, exatamente como todas as demais pessoas — daí a parábola do bom pastor que deixou as noventa e nove ovelhas e foi buscar a que estava perdida. Cristo originalmente enviou seus discípulos às ovelhas perdidas da casa de Israel. A parábola do filho pródigo é outro modo de ensinar esse mesmo princípio. As ovelhas e os filhos eleitos vêm a este mundo sob um sistema de propriedade ou de relacionamento familiar, sem que saibam disso. A ovelha recém-nascida chega ao mundo tendo um pastor e o filho eleito tendo um Pai! Quando chega a hora certa, Deus atrai irresistivelmente Seus eleitos por meio da mensagem sobrenatural do evangelho e concede-lhes vida espiritual por meio do novo nascimento, desse modo habilitando-os a crer — o que fazem em uma ação subsequênte. Assim, somos salvos porque somos ovelhas e não somos ovelhas porque somos salvos! O filho pródigo estava perdido para seu pai, mas antes de tudo precisamos compreender que ele era um filho e no fim foi restaurado à sua posição de direito. Nossa salvação nunca, nem por um instante, fica em dúvida, pois foi pré-determinada na eternidade passada e paga totalmente na cruz. Portanto, aqueles que compreendem esse fato maravilhoso nas Escrituras, nunca serão perturbados pela idéia de que podem perder a salvação. Não fizemos absolutamente nada para obtê-la — nós a recebemos como um dom — e é ridículo e sem base bíblica alguma ensinar que podemos perdê-la. Pode um filho fazer alguma coisa para alterar seu estado de filiação ao pai? Pode deixar de fazer parte da família do pai? Ele faz alguma escolha no nascimento físico? Não, e como filhos eleitos de Deus, não temos nenhuma escolha no nosso segundo nascimento também.

Assim, se não "aceitamos" a Cristo ou "fazemos uma decisão ao lado dele", como podemos saber se somos salvos? Permita-me indicar alguns sinais inquestionáveis:

A Bíblia é bem clara que o indivíduo não-regenerado não busca a Deus (Romanos 3:11). Você está ciente da sua natureza pecaminosa e clama a Deus do fundo do seu coração pedindo perdão quando peca? Em caso afirmativo, esse é um dos sinais de ter nascido de novo.


A Bíblia diz que um indivíduo não-regenerado não pode compreender aquilo que se discerne espiritualmente. [1 Coríntios 2:14] Você tem mais do que apenas uma compreensão básica da Palavra de Deus e deseja sinceramente saber cada vez mais? Ela fala ao seu coração e o convence do pecado? Em caso afirmativo, esse é outro sinal que já nasceu de novo.


A Bíblia diz que o indivíduo não-regenerado é escravo de Satanás e é incapaz de fazer qualquer coisa para se libertar. [Efésios 2:2] Você já conseguiu virar suas costas para o mundo e para os caminhos do pecado? Todos seus amigos mais íntimos são cristãos? Se você já nasceu de novo, seus amigos incrédulos provavelmente se afastarão. A salvação genuína repele as amizades réprobas.


Você ama — realmente ama — os outros cristãos e prefere estar na companhia deles do que a das outras pessoas? Você pode encontrar um completo estranho, descobrir que ele também é um cristão e então ter comunhão imediata com ele? Existe "algo" em seu coração que o atrai aos irmãos e uma proximidade que não pode ser explicada de nenhuma outra forma?


Sente um desejo genuíno de ir à igreja e de adorar a Deus?


Sente alegria em contribuir para a obra do Senhor? Contribui generosamente com seu tempo, talentos e bens materiais?


Suas orações estão sendo respondidas?


Você peca menos agora do que antes de conhecer a Cristo?


As outras pessoas têm observado o "fruto do Espírito" em operação na sua vida? Isto é, podem ver o genuíno amor, paz, longanimidade, etc. (conforme descrito em Gálatas 5:22), manifestando-se em sua vida por meio da ação do Espírito Santo de Deus? Elas comentam que você agora é uma pessoa diferente do que era antigamente?


Você já sofreu perseguições por causa da fé em Cristo (por exemplo, ex-amigos que se afastaram por causa do seu testemunho, é uma forma sutil de perseguição).


Aguarda com expectativa o momento em que Jesus Cristo virá buscar sua igreja?


Compreenda que um filho de Deus genuinamente nascido de novo poderá responder afirmativamente a todas essas perguntas. Isso não quer dizer que eles sejam perfeitos, pois há um processo de maturação que ocorre na vida do cristão e alguns não são tão maduros na fé quanto outros. Entretanto, falando em termos gerais, todo cristão pode considerar essas questões e reconhecê-las como verdadeiras em sua própria experiência. Na análise final, porém, a maior evidência de salvação de uma pessoa encontra-se na perseverança. Os eleitos de Deus perseverarão, apesar de todos os obstáculos, e nunca apostatarão ou renunciarão à fé. Eles podem até pecar e se desviar da comunhão, mas preferirão sofrer a morte a negar seu Senhor e Salvador.

Estamos em um estado gradual de apostasia durante toda a Época da Igreja, mas a Bíblia ensina que haverá a apostasia imediatamente antes do período da Tribulação. Por essa razão, acreditamos que seja inteiramente possível que Deus use esse futuro "afastamento" daqueles que não são genuínos, para separar o joio do trigo antes do arrebatamento. Sofrimento e morte bem podem estar à espera de muitos dos escolhidos de Deus à medida que ocorrer a perseguição no fim dos tempos, de modo que precisamos nos preparar espiritualmente para enfrentar o que vier. Você está preparado?

Que Deus o abençoe.

Autor: Pr. Ron Riffe
Data da publicação: 8/2/2001
Patrocinado por: V. H. P. — Rio Grande do Sul
Revisão: http://www.TextoExato.com
A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br/p154.asp

Nenhum comentário:

Postar um comentário