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Não se esqueça: se você está nEle, você nunca estará só


Uma das mais belas declarações da Bíblia foi proferida em um dos momentos de maior tensão.
Nos capítulos 14 a 17 do Evangelho de João, encontramos Jesus se despedindo dos Seus discípulos. Ele estava prestes a experimentar a cruz. Por isso, a conversa que teve com eles foi carregada de emoção. Ela revela a tensão daquele momento.
No capítulo 14, encontramos os discípulos sentindo-se órfãos e inseguros por antecipação. Jesus, então, conforta-os, afirmando que o Espírito Santo, o Consolador, estaria com eles permanentemente. Além disso, os discípulos veriam Jesus novamente (Jo 14.16-18).
No capítulo 15, o Mestre continua reanimando-os e lembra do Seu propósito de estar ligado eternamente a eles, quando fala que Ele é a videira e eles, os ramos. No capítulo 16, volta a falar do Consolador. Porém, já no final do capítulo 16, Jesus revela que Seus discípulos O abandonariam na Sua trajetória até a cruz. Ele afirma claramente que aquele seria um caminho que trilharia em completo abandono. “Eis que vem a hora, e já é chegada, em que sereis dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis só...”, Jo 16.32a.
Como é terrível enfrentar a tragédia completamente sozinho! Mas, pensando bem, quem disse que Jesus estava totalmente sozinho? Ele poderia estar no sentido físico, mas não no espiritual. O Pai estava com Ele! Foi o Mestre mesmo quem declarou isso, logo depois de dizer que os discípulos o deixariam só. Foi em um clima de abandono e saudade que Jesus proferiu uma das mais belas declarações da Bíblia. Uma declaração de esperança: “...me deixareis só; contudo não estou só, porque o Pai está comigo”, Jo 16.32b.
Que afirmação inspiradora! Momentos antes de ser abandonado pelos Seus e acometido pelo terrível suplício que culminaria na Sua sangrenta morte na cruz, Jesus diz que estava firme diante da profunda dor e das injustiças que enfrentaria porque sabia que o Pai estava com Ele. A presença do Pai encorajou-o até o Gólgota e deu-lhe forças para prosseguir. Foi no Pai que buscou forças no Getsêmani, quando verteu sangue pelos Seus poros (Lc 22.41-44). Mesmo em meio à dor intensa que o fez clamar “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?”, Ele sabia que o Pai estava com Ele; inclusive, ao expirar, foi ao Pai que entregou Seu espírito na hora da morte, citando Salmos 31.5, uma oração que era ensinada bem cedo às crianças judias daquela época (Lc 23.46). Ele sabia que o Pai estava ali.
Ora, Jesus é o nosso padrão, o modelo a ser seguido, nosso manequim e alvo, e com Ele aprendemos que se Deus está conosco, podemos ser até esbofeteados, injustiçados, crucificados, mortos e enterrados. Tudo isso valerá a pena, se o Pai está conosco. Se Ele não está, o “fim” é o fim. Mas, se Ele está, o capítulo final da nossa história será outro. Com Ele, depois da tumba sempre vem a ressurreição, e com ela a glorificação.
Em outras palavras, se Deus está conosco, pode tudo estar dando errado agora, mas no fim vai dar tudo certo.
Na vida, todos sofremos. Uns mais, outros menos, mas todos sofremos. E Ele não escondeu isso a Seus discípulos: “No mundo tereis aflições...”, Jo 16.33. Porém, se Deus está conosco, podemos sofrer por um tempo, mas não por todo tempo. “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”. Depois de cada luta, vem a vitória. Depois de cada vitória, luta de novo, mas sempre seguida por mais uma vitória. E se Deus permite, em alguns casos, que um sofrimento específico vá conosco até o final de nossa vida na Terra, lembremos que uma coroa de justiça gloriosa nos espera no Céu, um sublime galardão, além da já perfeita eternidade com Deus. E quem padece mais por Cristo, mais receberá em Glória.
Nossa “leve e momentânea tribulação” dará lugar a um “peso de glória”.
Isto é, seja agora ou no porvir, os que andam com Ele sempre sagram-se vencedores.

O que importa é Deus conosco

O que importa essencialmente não é quanto você tem na sua conta no banco, se você é uma pessoa bem aquinhoada, se tem pessoas influentes para fazerem lobby em seu favor, mas, sim, se Deus está com você.
Abraão Lincoln, presidente dos Estados Unidos no século 19, sabia disso, por isso afirmou certa vez: “O que importa não é se eu estou com Deus, mas se Deus está comigo”. Com isso, ele quis dizer que estar ao lado de Deus é fácil. Afirmar que Ele está certo no que diz e faz não é difícil. A questão mesmo é se Deus está ao nosso lado, se nos acompanha, se chancela o que fazemos, se permeia a nossa vida, se guia os nossos passos. O que importa mesmo é Emanuel, “Deus conosco”. E para Ele estar conosco é preciso mais do que o nosso convencimento; é preciso conversão e entrega diária da nossa vida a Ele.
Se um dia O aceitamos verdadeiramente, Ele nos acompanhará durante toda nossa vida e pela eternidade, mesmo nos trechos mais escuros da estrada. Ele prometeu: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”, Mt 28.20.
Cristo promete nunca nos abandonar. Se você o ama e serve, nunca estará só. Ele é fiel e vela pela Sua Palavra para a fazer cumprir (Jr 1.12). Com essa certeza, podemos caminhar com passos firmes e seguros, pois a certeza da Sua presença conosco é tudo. Ele garante: “Não temas, porque Eu estou contigo”. Estar com Ele = Nada temer.
Só tem essa certeza quem conhece a Deus, por isso quem O conhece é forte e ativo (Dn 11.32), pois sabe que não há o que temer se maior é o que está conosco (Sl 27.1). Se há Deus, há tudo. Quem tem Deus tem tudo, mesmo não tendo nada.
É a certeza da Sua presença que preenche toda e qualquer ausência. “A minha porção é o Senhor, diz a minha alma”, Lm 3.24.
É a certeza de Sua companhia que nos faz crer mesmo quando as trevas são vizinhas. “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo”, Sl 23.4.
É a Sua presença em nossa vida que garante a chegada a um porto seguro. “Então eles, de bom grado, o receberam, e logo o barco chegou ao seu destino”, Jo 6.21.
Da mesma forma, é a Sua ausência que nos faz desesperar. “Ao expirar, disseram as mulheres que a assistiam: Não temas, pois tiveste um filho. Ela, porém, não respondeu, nem fez caso disso. Mas chamou ao menino Icabode, dizendo: Foi-se a Glória de Israel”, 1Sm 4.20-21.
E é a Sua ausência que nos leva à precipitação da nossa derrocada. “Tendo ele despertado do seu sono, disse consigo mesmo: Sairei ainda esta vez como dantes, e me livrarei; porque ele não sabia ainda que já o Senhor se tinha retirado dele”, Jz 16.20.
Quer descansar na adversidade? Cultive a presença divina em sua vida. Só a certeza da presença de Deus nos faz descansar mesmo diante da borrasca mais intensa (Êx 33.14). Mas, como cultivá-la?
Basicamente, de três formas.
Em primeiro lugar, por meio da oração. “Perto está o Senhor de todos que o invocam em verdade”, Sl 145.18. “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração”, Jr 29.13. Lutero dizia que a oração é a respiração da alma. Encha seus pulmões espirituais e oxigene sua vida espiritual com a graça, a paz e o poder que fluem de uma vida de oração com o Senhor.
Em segundo lugar, ouvindo a Sua Palavra, bebendo dela todos os dias. Deus só ouve aquele que ouve a Ele. Portanto, se quer que Ele ouça você e se manifeste na sua vida, antes ouça a Sua voz. Em ler, ouvir e praticar a Sua Palavra, somos tremendamente abençoados.
Por fim, também adorando ao Senhor. Deus habita na verdadeira adoração (Sl 22.3).
Se você encarnar em sua vida essas práticas espirituais básicas e bíblicas, nunca se verá só no meio da borrasca. A presença de Deus será sempre a realidade dentro do seu coração. Podem haver, em volta, tempestades, terremotos, desmoronamentos, tsunamis, dilúvios, mas a presença gloriosa de Deus será sempre uma realidade patente em seu coração, bem como a certeza de um novo dia após a borrasca.

Pr. Silas Daniel
http://silasdaniel.blogspot.com

Verdades e mentiras sobre o Golpe de 1964, a Ditadura Militar e a postura dos evangélicos à época


Pr. Silas Daniel

Em 2009, o Golpe de 1964 completou 45 anos. Como era de se esperar, várias manifestações na mídia impressa, televisiva e virtual marcaram a data. Nem todas, porém, justas. Alguns equívocos muito comuns foram repetidos. Por exemplo, as afirmações de que o Golpe de 1964 veio para instaurar uma ditadura no Brasil (quando, na verdade, a Ditadura Militar foi um desvio da proposta do movimento de 1964 e que só ocorreu um ano depois da deposição de Jango); que a deposição de Jango foi "uma tremenda injustiça"; e que os Estados Unidos idealizaram e patrocinaram o Golpe. Essas distorções só prosperam hoje porque, infelizmente, já faz alguns anos que uma educação com viés de esquerda prevalece nas escolas desse país, distorcendo os fatos e reescrevendo a História.
À época, pensei em escrever um artigo a respeito, mas abortei a idéia no meio do caminho, já que o texto ficaria enorme, exigindo de mim tempo significativo dentro do meu pouco tempo. Seria o mais longo texto que já postei neste blog. Porém, hoje, quase um ano depois, depois da discussão no início do ano em torno da Lei de Anistia (por causa do nefasto Programa de Direitos Humanos lançado em 21 de dezembro pelo governo federal), senti-me impelido novamente a escrever o tal texto. Você está exatamente diante dele. Ou melhor, de parte dele. É que, como era de se esperar, ficou extremamente extenso e, por isso, decidi postá-lo em duas partes. Esta é a primeira.
Essa série de dois artigos que enceto hoje objetiva corroborar a não-proliferação dessas versões falsas sobre aquela época de nossa história, distorções estas que, inclusive, têm levado muitos crentes a fazerem julgamentos equivocados sobre o comportamento que a igreja evangélica brasileira teve em relação à deposição de Jango e à Ditadura Militar.
Sim, os evangélicos foram condescendentes com o movimento de 1964, mas, para entender essa atitude, é preciso saber o que o governo Jango estava fazendo à época para provocar essa reação radical da sociedade brasileira, e pelo que lutou realmente esse movimento de deposição, para, então, finalmente, entendermos porque não apenas os evangélicos, mas todos os setores da sociedade civil brasileira e a maioria da população, apoiaram a deposição de Jango. Não, não concordo com golpes de Estado, mas, ao conhecer a conjuntura do movimento de 1964, dá para entender as razões pelas quais a igreja não viu aquele movimento como um mal.
Sim, os evangélicos também foram condescendentes com a Ditadura Militar que veio depois (embora, neste caso, relativamente), assim como a maioria esmagadora da população daquela época apoiou o regime (especialmente no período de 1964 a 1982). Mesmo preferindo obviamente a democracia à ditadura, os evangélicos agiram assim porque sabiam que seu papel, como Igreja, não era partir para o confronto com os militares em prol da democracia, assim como a Igreja Primitiva não se engajou em nenhuma luta pela derrubada do Império Romano, nem mesmo quando Roma passou a perseguir os cristãos a partir do final dos anos 60 da Era Cristã. Os evangélicos sempre foram ordeiros e, como povo ordeiro, não poderiam coadunar com badernas, guerrilha, desordem e movimentos que tentavam derrubar o regime pela força. E em sua esmagadora maioria, não compactuavam com as teologias esposadas pelos que se opunham ao regime em nome da “fé cristã” (refiro-me à Teologia da Esperança e à Teologia da Libertação, que levaram seus adeptos a confundirem socialismo com fé cristã e a muitos deles entrarem para a guerrilha).
A igreja evangélica também estava ciente do que fizeram os comunistas na China, Cuba, URSS e Coréia do Norte (matando, inclusive, milhões de cristãos), o que a levava a valorizar o importante combate que os militares realizavam contra os grupos terroristas que lutavam para implantar o comunismo em nosso país. Por sua vez, o regime militar ainda garantia a liberdade religiosa e honrava as igrejas cristãs de forma geral, que gozavam do respeito e apreço dos militares. Finalmente, os evangélicos da época, como a maior parte do povo, reconheciam o fato de que os principais culpados pelo abortamento do retorno programado - pelos militares - às eleições diretas (falo disso no segundo artigo), bem como pelo endurecimento e excessos dos militares durante o regime, foram os terroristas de esquerda, que promoveram destruição e caos, mataram mais de 130 pessoas, seqüestraram, e assaltaram bancos, casas e carros. Os militares apenas reagiram a eles, embora tenham se excedido nesse processo, cometendo crimes. Hoje, omite-se deliberadamente que os terroristas já haviam matado dezenas de pessoas de 1964 até dezembro de 1968 antes de o regime instaurar o AI-5, começando a repressão e dando meia volta volver no processo de retorno à democracia plena.
Bem, para que você fique plenamente inteirado do que estou falando, detalho abaixo quatro fatos fundamentais olvidados e/ou omitidos sobre o Golpe de 1964 e a Ditadura Militar. Vamos ao primeiro.
1) O Golpe ou Revolução de 1964 foi um contra-golpe ao processo de “cubanização” do Brasil que já estava em explícito andamento; ele veio para evitar uma ditadura, não para instaurar uma. A Ditadura Militar, que surgiu um ano após o movimento de 1964, foi um golpe dentro desse contra-golpe.
Não é verdade que o Golpe de 1964 pretendeu estabelecer uma ditadura. Foi exatamente o contrário: ele ocorreu para garantir a democracia em nossa nação, impedindo a implantação de uma ditadura comunista em nosso país. O movimento de 1964 foi um contra-golpe ao processo de “cubanização” do Brasil, que já estava em andamento.
Para quem não conhece os fatos sobre o processo acelerado de “cubanização” do Brasil naquela época, e que levaram ao movimento nacional de deposição de Jango, passarei a elencá-los a seguir.
À guisa de introdução, lembremos o contexto da época.
O mundo vivia a Guerra Fria. A União Soviética e seus satélites apoiavam e financiavam a implantação do comunismo no mundo, e os Estados Unidos lutavam para impedir essa expansão, apoiando todos quantos se opusessem aos movimentos de guerrilha revolucionária comunista nos seus respectivos países.
Em 1959, a guerrilha dos irmãos Castro e Guevara apeou do poder o ditador Fulgêncio Batista, uma espécie de "Getúlio Vargas" de Cuba. Batista era um militar que apoiou e concretizou um golpe de Estado em Cuba em 1933. Anos depois do golpe, mais precisamente em 1940, foi eleito presidente daquele país em eleições diretas, sendo sucedido por Ramon Grau, que venceria as eleições de 1944, e Carlos Prío Socarrás, que venceria as eleições de 1948. Em 1952, depois de três eleições, quando a democracia em Cuba parecia solidificada e Batista concorria à presidência mais uma vez, este resolveu promover outro golpe de Estado, dessa vez em seu próprio benefício, para se fixar no poder. Durante sua gestão, Batista mandou prender opositores e enriqueceu ilicitamente. Seu governo ditatorial foi criticado tanto por comunistas e esquerdistas em geral quanto por democratas e liberais. Porém, foi a guerrilha de esquerda que obteve êxito, derrubando-o. E quando os irmãos Castro e seus revolucionários o derrubaram, em vez de restituírem a democracia a Cuba, implantaram eles mesmos sua própria ditadura, e incomensuravelmente mais violenta.
Se o ditador Batista prendia seus opositores, os irmãos ditadores (Fidel e Raul) simplesmente os matavam aos milhares.
Os cubanos não-esquerdistas que lutaram contra a ditadura de Fulgêncio foram todos exilados ou mortos pelos irmãos Castro. Logo nos primeiros dias após a Revolução, Fidel e sua turma fuzilaram nada menos que 600 opositores ideológicos. Guevara liderou em Cuba o primeiro campo de concentração da América Latina. Chamavam-no de “Unidade Militar de Apoio à Produção” (Umap). Ali, nos quase dois anos que passou “apoiando a produção”, o argentino fuzilou mais de 400 pessoas (Ver livro Guevara: Misionero de La Violencia, do ex-preso político e renomado historiador cubano Pedro Corzo, que cita todos os mortos. Para uma consulta mais imediata, há uma lista com o nome de 200 dessas vítimas de Guevara aqui e fotos e dados de mais de 100 dessas vítimas aqui).
Nos dez primeiros anos de ditadura, Raul, Fidel e Guevara fuzilaram mais de 7 mil pessoas e encarceraram 30 mil cubanos nas Umap’s (Informações sobre algumas dessas chacinas aqui e fotos de alguns fuzilamentos executados por Raul, Fidel, Guevara e companhia podem ser vistas aqui). Por isso, em 1960, com apenas um ano de Revolução, 50 mil cubanos já haviam fugido da ilha. Em 1963, o número de cubanos que fugiram do terror em seu país já havia subido para 250 mil. Ou seja, a ditadura dos irmãos Castro era uma “maravilha” tão grande que centenas de milhares de cubanos “deram no pé” em apenas quatro anos de regime. E ainda hoje há gente fugindo daquela “ilha da fantasia”...
Só para registro: de 1959 a 2008, a ditadura cubana fuzilou 17 mil pessoas e jogou nas Umap’s mais de 100 mil opositores; e o número de cubanos que tentam fugir da ilha é hoje, em média, de 5 mil por ano – o recorde foi em 1994: 37 mil lançaram-se ao mar em fuga.
Mas, voltemos a meados do século 20.
Antes mesmo de Cuba, o grande interesse do Movimento Comunista internacional era o Brasil. O namoro já era antigo. Em 1935, a mando da URSS, os comunistas, encabeçados por Luis Carlos Prestes (então membro da Comissão Executiva da Internacional Comunista – Comintern), já haviam tentado tomar o poder, matando 28 militares no Estado da Guanabara, 20 pessoas (entre militares e civis) em Natal e 720 (entre militares e civis) em Recife (História das Revoluções Brasileiras, do historiador Glauco Carneiro, volume 2, p. 424). Ainda em Natal, durante os três dias de tentativa de revolução, promoveram saques, estupros e arrombamentos (Relembre esses crimes – ou leia sobre eles a primeira vez – aqui e aqui). E na Guanabara, logo depois da Intentona, os comunistas ainda mataram uma jovem de 18 anos – Elza Fernandes –, namorada de um dos “camaradas”, apenas por suspeitarem que ela denunciara o grupo. Se realmente tivesse denunciado, estaria cumprindo seu dever como cidadã; mas, o pior é que ela não o fez (Relembre essa terrível história aqui).
Enfim, desde a década de 30, o Brasil era visto como estratégico pela Internacional Comunista pelo seu tamanho e representatividade na América Latina. Ter um país do tamanho do Brasil como satélite comunista na América Latina seria uma grande conquista e uma influência poderosa sobre os demais países do continente. China, na Ásia, e Brasil, na América Latina, eram duas antigas obsessões. A China, desde 1949, devido ao trabalho de Mao Tse-tung (que mandou ali de 1949 a 1959 e de 1966 a 1976), tornou-se comunista. Faltava agora o Brasil.
Os anos se passaram e, um ano apenas após a Revolução Cubana, os comunistas resolveram investir outra vez na conquista do Brasil. E em pouco tempo, a sociedade brasileira, que ainda mantinha viva na memória a Intentona de 1935, foi tomando ciência desse projeto.
O primeiro fato a ser notado foi o surgimento e crescimento de grupos de guerrilha comunista no Brasil, patrocinados, armados e treinados pelos comunistas internacionais, e empenhados declaradamente em instaurar uma ditadura comunista no país. Em segundo lugar e simultaneamente às guerrilhas, vieram as primeiras invasões de terra no campo, e com o apoio do governo federal durante a presidência de João Goulart. Em terceiro lugar, nos primeiros anos da década de 60, centenas de sindicatos foram criados no Brasil (cerca de mil em apenas quatro anos), sendo o número de greves fomentadas por setores de esquerda naquele período algo inigualável na história do país. Então, quando, em 13 e 17 de março de 1964, o presidente João Goulart manifestou a intenção de desapropriar terras - e sem promessa de indenização - para promover a reforma agrária, ameaçou a ordem econômica com o estatismo, propôs uma nova Constituição conforme seus ideais e incitou descaradamente a rebelião dentro das Forças Armadas, desrespeitando hierarquias e favorecendo injustamente militares de esquerda, a sociedade civil brasileira não teve dúvida e saiu em massa às ruas. Depois dos discursos de 13 e 17 de março de 1964, sua deposição foi inevitável.
Vamos recapitular cronologicamente esses fatos.
A partir do ano de 1960 até o período final do Regime Militar, milhares de comunistas brasileiros treinaram terrorismo na União Soviética, China, Cuba, Coréia do Norte e Argélia. O objetivo expresso desse treinamento era tentar promover uma revolução comunista no Brasil, implantando a “ditadura do proletariado”, a “cubanização” do país. Sobre tais treinamentos, tão convenientemente omitidos hoje em dia, leia a obra O Apoio de Cuba à Luta Armada no Brasil, da professora Denise Rollemberg; e a obra A Revolução Impossível, de Luís Mir. Eis alguns links sobre o assunto aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
A prática comunista de incentivar e patrocinar guerrilhas nos outros países foi idealizada ainda na época de Stalin.“Os líderes comunistas sempre procuraram criar situações revolucionárias. Lenin favorecia a agitação para conseguir seus objetivos de domínio mundial do comunismo, e Trotsky pregava providências ainda mais militantes. Foi, no entanto, Stalin quem preferiu treinar um exército de subversivos clandestinos que se infiltrariam nas democracias para destruí-las de dentro para fora… a perigosa quinta-coluna” (Hutton, Os subversivos, p. 9).
Herbert José de Souza, mais conhecido como “Betinho”, ex-dirigente do grupo esquerdista Ação Popular, contou em depoimento no livro O Fio da Navalha: “Ainda antes da Revolução de 31 de março de 1964, no governo do presidente João Goulart, um grupo de militantes do Partido Comunista do Brasil foi enviado à China, onde recebeu treinamento militar na Escola Militar de Pequim. Também um grupo de dirigentes da Ação Popular recebeu treinamento político-ideológico na China no início dos anos 70”.
Desde 1961, as Ligas Camponesas do deputado comunista Francisco Julião, surgida em Pernambuco, já haviam se armado para a revolução e recebido treinamento de guerrilha dos chineses e cubanos. De Cuba, receberam ainda armas e dinheiro para comprar fazendas em Goiás, Acre, Bahia e Pernambuco para funcionarem como campos de treinamento. Essa história está contada parcialmente aqui, mas pode ser lida em detalhes na obra supracitada da professora Denise Rollemberg. Após a deposição de Jango, as Ligas foram fechadas, as armas apreendidas e seus membros presos ou exilados.
Em 1963, Leonel Brizola montara o chamado “Exército Popular de Libertação”, formado de grupos de 11 pessoas (os G-11) com, ao todo, 58.344 homens distribuídos pelo Rio Grande do Sul, Guanabara, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. No documento denominado “Instruções Secretas”, escreveu Brizola ao seu exército, justificando o uso que seu grupo pudesse fazer de atos de violência: “Não nos poderemos deter na procura de justificativas acadêmicas para atos que possam vir a ser considerados, pela reação e pelos companheiros sentimentalistas, agressivos demais ou, até mesmo, injustificados”. Sobre sua certeza do compromisso de João Goulart com a revolução comunista, escreveu ele: “Devemos nos lembrar que, hoje, temos tudo a nosso favor, inclusive o beneplácito do Governo e a complacência de poderosos setores civis e militares, acovardados e temerosos de perder seus atuais e ignominiosos privilégios”. Sobre a escassez de armas para a luta: “A escassez inicial de armas poderosas e verdadeiramente militares será suprida pelos aliados militares que possuímos em todas as Forças Armadas”.
Sobre as táticas a serem usadas pelo seu exército, orientou Brizola: “Os camponeses, dirigidos por nossos companheiros, virão destruindo e queimando as plantações, engenhos, celeiros, depósitos de cereais e armazéns gerais. A agitação será nossa aliada primordial e deveremos iniciá-la nos veículos coletivos, à hora de maior movimento, nas ruas e avenidas de aglomeração de pedestres, próximo às casas de armas e munições e nos bairros eminentemente populares e operários. Desses pontos e à sombra da massa humana, deverão convergir os G-11 especializados em destruição e assaltos, já comandando os companheiros e com outros se ajuntando pelas ruas e avenidas, para o centro da cidade, vila ou distrito, de acordo com a importância da localidade, depredando os estabelecimentos comerciais e industriais, saqueando e incendiando, com os molotovs e outros materiais inflamáveis, os edifícios públicos e os de empresas particulares. Ataques simultâneos serão desfechados contra as centrais telefônicas, rádio-emissoras e, onde houver, de TV, casas de armas, pequenos quartéis militares”.
Finalmente, ao cogitar a possibilidade da revolução comunista não acontecer, orientou Brizola seus soldados como se segue: “No caso de derrota do nosso Movimento, o que é improvável, mas não impossível, dado a certas características da situação nacional, e temos que ser verdadeiros em todos os nossos contatos com os Comandos Regionais e esta é uma informação para uso somente de alguns companheiros de absoluta e máxima confiança, os reféns deverão ser sumária e imediatamente fuzilados, a fim de que não denunciem seus aprisionadores e não lutem, posteriormente, para sua condenação e destruição”.
Mais sobre Brizola e seus soldados, inclusive após o Golpe de 1964, leia aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Como se não bastasse tudo isso, em setembro de 1963, um grande carregamento de armas que se encontrava a caminho do Brasil, procedente da Europa oriental, foi interceptado pelo Exército Brasileiro, que enviou uma tropa ao navio e conseguiu confiscar toneladas de armas portáteis, munições, metralhadoras, equipamentos de comunicações de campanha e montões de propaganda pró-comunismo em português. E quando Luis Carlos Prestes foi preso em 1964 logo após a deposição de Jango, foi encontrado com grande quantidade de armamentos pesados originários de Cuba.
Mas, antes mesmo das primeiras apreensões de armas, planos e cartilhas da guerrilha, a imprensa brasileira já havia se apercebido do que acontecia às escondidas no país. Em 1961, chegou às mãos da Redação do jornal O Globo informações confidenciais sobre o plano de tomada de poder no país pelos comunistas, o que resultou em grandes reportagens de denúncia no jornal a respeito do assunto.
Foi em 13 de maio de 1961 que o jornal O Globo publicou, pela primeira vez, um encarte denunciando a orquestração que se formava no país para implantar uma ditadura comunista. Abaixo, cito na íntegra, conforme arquivo do médico e escritor Heitor de Paula, dois textos do referido encarte:

Entreguismo Vermelho
Plano Básico do Comunismo Internacional

“O comunismo não é fraternidade; é a invasão do ódio entre as classes. Não é a reconciliação dos homens; é a sua exterminação mútua. Não arvora a bandeira do Evangelho; bane a Deus das almas e das reivindicações populares. Não dá trégua à ordem. Não conhece a liberdade cristã. Dissolveria a sociedade. Extinguiria a religião. Desumanaria a humanidade. Everteria, subverteria, inverteria a obra do Criador” (Ruy Barbosa)
Em 1957, por ocasião das comemorações do quadragésimo aniversário da Revolução Russa, um grupo de dirigentes comunistas reuniu-se em Moscou para organizar o plano de ação de vários partidos comunistas de todo o mundo, segundo a nova "linha" estabelecida pelo Kremilin. Tendo Khruchtchev consolidado sua posição de dirigente supremo da U.R.S.S., modificou o sistema anterior de direção dos partidos comunistas estrangeiros, dissolveu o Cominform e fez novamente de Moscou o centro do poder e a única fonte de autoridade sobre aqueles partidos.
Os representantes dos PCs deste continente tiveram, na época, uma reunião especial, sendo as delegações do Brasil, Argentina, México e Chile as mais numerosas, num total superior a 179 delegados. Uma cópia do plano, mais tarde, foi revelada em Lima e divulgada em sua parte referente à América Latina.
As decisões
Em linhas gerais, as decisões da referida reunião especial com os dirigentes latino-americanos podem ser assim enumeradas: De Moscou vem a iniciativa, a orientação e o comando para o desenvolvimento da ação comunista. Assim, por exemplo, a luta entre os PCs do Brasil, da Argentina, do México e do Chile pela supremacia entre os partidos latino americanos cessou definitivamente, passando cada um deles a partidos autônomos com relação aos outros, mas subordinados todos à direção de Moscou. Neste Continente, o desenvolvimento dos partidos comunistas deve ser escondido do público, embora mais do que nunca se trabalhe internamente em cada país pela "defesa" da União Soviética e do Socialismo. Duas bandeiras devem encobrir essas atividades comunistas: o "nacionalismo" e a luta por constantes aumentos de salários e redução de horas de serviço, com aumento também das inatividades remuneradas.
“Os comunistas não devem declarar que lutam contra o capitalismo, mas, sim, contra o ‘monopólio estrangeiro’ e ‘a tendência monopolizadora das empresas norte-americanas’. Para isso devem ficar de lado as campanhas de exaltação do comunismo ou da Rússia, para dar lugar ao acirramento do ódio e da resistência aos Estados Unidos, entre a burguesia comercial e a industrial e, principalmente, entre a pequena burguesia, os intelectuais e os estudantes”.
“Os comunistas não devem usar a doutrina da luta de classes, mas devem lutar contra todas as idéias de ‘harmonia entre as classes’, de ‘relações humanas’ e de ‘capitalismo popular’. Divisão de trabalho dando-se preferência às atividades de infiltração. Enquanto um grupo coopera com o Governo, outro, menos silencioso, deve ficar com a oposição. O grupo infiltrado no governo criará as condições de liberdade de ação para os comunistas de oposição a fim de que essas possam exercer maior influência sobre a comunidade”.
“Cooperar com todas as forças de oposição, onde haja liberdade, mas cooperar também com os ditadores, quando não houver movimentos de oposição; dar assistência a todos os grupos, independentemente de suas tendências, que de algum modo se oponham aos Estados Unidos, seus empreendimentos oficiais ou suas empresas particulares. Tomar como aliado todo e qualquer descontente com a política norte-americana”.
“Dividir os partidos comunistas em grupos diferentes que se devem infiltrar nos vários partidos políticos, principalmente na oposição política, estimulando, sob as bandeira do nacionalismo, o ódio aos Estados Unidos”. Nesse ponto, o documento recomenda cuidadosamente que se evitem os aspectos de pregação comunista.
Há uma parte do plano, porém, que mais impressionante parece, quando analisamos diante do quadro latino-americano. É a parte em que a resolução de Moscou apresenta como principal objetivo dos partidos comunistas ocidentais o enfraquecimento da economia de cada país não comunista pelo apoio às exigências constantes de salários sempre maiores, de férias remuneradas mais longas e de maiores vantagens da Previdência Social, assim como a condenação do progresso tecnológico, sob a alegação de que esse é a causa do desemprego e resulta em superexploração, por impedir que mais homens trabalhem e permitir que mulheres tomem seus lugares. A aplicação minuciosa dessas medidas determinadas pela reunião de Moscou já se fez sentir em toda a parte. Cada dia, uma comprovação. Não nos assiste, portanto, o direito de cruzar os braços diante do perigo presente.

Ao referir-se ao "perigo presente", O Globo refere-se ao Brasil nos primeiros três meses e meio do mandato de Jânio Quadros, que duraria só mais três meses: as greves e os sindicatos recém-criados nesse período seguiam à risca essa cartilha, enquanto o presidente Jânio, sob o discurso de que o Brasil, sob seu governo, teria uma “política externa independente”, pregava o restabelecimento das relações diplomáticas e comerciais com a URSS e a China comunista, e condenou o isolamento de Cuba.
Outra matéria da extensa reportagem da edição de 13 de maio de 1961 de O Globo segue abaixo:

Comprovações do entreguismo vermelho
Seguindo-se sempre o zigue-zague das mutações determinadas por Moscou, chegamos aos dias atuais em que o Partido caminha na direção estabelecida pelo XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, realizado em fevereiro de 1956. Khruchtchev, substituto de Stalin na ditadura soviética, confirmou em discurso, perante aquele Congresso, alguns dos crimes e violências praticados pelo ditador morto, contra indivíduos e nações. O discurso, pronunciado secretamente, mas depois divulgado pelas próprias autoridades russas, determinou, em todos os partidos comunistas de fora da Rússia, a queda dos líderes que, de certo modo, se desiludiram com a confissão de tantos crimes sempre negados, até pelo próprio Khruchtchev, quando Stalin era vivo. Ficaram apenas aqueles líderes locais que, embora nascidos fora da Rússia, a servem incondicionalmente, mesmo quando em situação de flagrante traição a suas pátrias. No Brasil, Luiz Carlos Prestes ficou. Muitos líderes locais comunistas brasileiros, sem renunciar as suas ideais socialistas, reconheceram de público o caráter totalitário e imperialista da Rússia Soviética e abandonaram o Partido. Mas Luiz Carlos Prestes ficou.
Entre os que não ficaram, Osvaldo Peralva, do grupo dos intelectuais do Partido, publicou recentemente o livro "O Retrato", em que dá as razões do seu desligamento das hostes vermelhas, denuncia o caráter entreguista do Partido Comunista Brasileiro e faz considerações sobre o comunismo internacional. A esse respeito diz Peralva: "A força da atração do bolchevismo tem residido na rapidez com que, combinando o impulso revolucionário com as medidas compulsórias, promove o desenvolvimento das grandes indústrias. Daí que só tenha triunfado em países subdesenvolvidos (Rússia, China, Vietnam etc.), ou onde foi levado na ponta das baionetas soviéticas, como é o caso da Tcheco-Eslováquia. É certo que na Itália e na França existem poderosos partidos comunistas, mas ali o bolchevismo jamais representou grande força, antes da II Guerra Mundial. Somente após o rompimento do pacto nazi-soviético e a agressão hitlerista contra o aliado da véspera, num momento em que a resistência ao ocupante nazista, na França e na Itália, coincidia com os interesses da União Soviética, é que os dirigentes comunistas daquelas duas nações conquistaram o apoio e a simpatia de amplas massas. Guiando-se pelo principio estalinista de que ‘a atitude ante a U.R.S.S. é a pedra de toque do internacionalismo proletário’, eles se destacaram na luta contra o inimigo comum – de seus países e da U.R.S.S. – visando sobretudo defender a ‘pátria do proletariado’, mas aparecendo aos olhos de seus povos como valorosos combatentes pela libertação nacional”.
“No único país altamente industrializado em que o bolchevismo se instaurou – a Tcheco-Eslováquia – o bem estar econômico das massas trabalhadoras diminuiu. (...) E na própria estrutura da sociedade verificou-se um retrocesso, pois a antiga democracia tcheco-eslovaca, com suas tradições de respeito às liberdades e aos direitos individuais, foi substituída pela ditadura de uma camarilha burocrática”.
Como se vê, no primeiro resumo de artigo deste suplemento, na análise do plano comunista revelado em Lima, em 1957, Khruchtchev dissolveu também o Cominform e Moscou passou a ser o centro do poder e a única autoridade. Do Kremlin vem a iniciativa, a orientação e o comando para o desenvolvimento da política comunista no mundo ocidental. Uma afirmação dessa gravidade seria de difícil aceitação se os fatos não a viessem frequentemente comprovar.Alunos na Rússia, mestres na América Latina
O plano de domínio pela Rússia dos países menos desenvolvidos de todo o mundo, embora conhecido no conjunto, só tem podido ser verificado em retalhos, em fatos isolados, apenas percebidos em seu verdadeiro significado por aqueles que estudam as manobras dissimuladas do imperialismo soviético. Mas esses fatos surgem e, com algum cuidado, podem ser estudados, em sua importância exata.Em princípios de outubro de 1959, a Polícia Política do Rio de Janeiro prendeu o agente comunista internacional José Manoel Fortuny Arana que se encontrava clandestinamente no País, protegido por um passaporte falso. Fortuny tornou seu nome conhecido como um dos comunistas mais ativos da Guatemala, durante os anos sangrentos do regime de Arbenz. Quando os comunistas guatemaltecos foram postos para fora do poder, pela revolução popular de Castillo Armas, Fortuny escapou para a Europa, de onde veio para o Brasil a fim de, segundo informações oficiais, pôr em execução planos destinados a derrubar vários governos sul-americanos. Fortuny não viria ao Brasil para outro fim, encoberto por uma falsa identidade. Como Luiz Carlos Prestes e outros, é um agitador preparado em Moscou para a função específica de organizar, nos países em que consegue entrar, a subversão e a desordem. Mas esses fatos se perdem na imprensa diária e o povo os esquece.

As Ligas Camponesas de Francisco Julião
Não obstante a controvérsia que surge, de vez em quando, sobre a natureza real das Ligas Camponesas de Pernambuco, organizadas pelo Dep. Francisco Julião, a verdade é que essas ligas representam uma das mais perigosas infiltrações comunistas no País.
Aproveitando as más condições em que vivem os lavradores do Nordeste, o Deputado Julião promove o mais intenso movimento subversivo de preparação da revolução comunista no Brasil, acobertado pelo pretexto de exigir a reforma agrária. Como exemplo e ídolo para o lavrador nordestino, Francisco Julião apresenta a figura de Fidel Castro, levada àquelas paragens como salvador do camponês cubano e inspirador de todos os homens do campo da América. Em seu trabalho constante, as Ligas subvertem a ordem, provocam a ação policial, prejudicam o equilíbrio econômico da região e preparam o terreno para a ação dos agentes comunistas.Mas, de tudo o que mais impressiona é a exaltação permanente de Fidel Castro, o homem que entregou Cuba ao comando do imperialismo sino-soviético.
Compreende-se, naturalmente, que os camponeses do nordeste brasileiro tenham justa ansiedade em resolver seus problemas econômicos e sociais, mas, positivamente, não se compreende que a solução de tais problemas seja oferecido a troco da traição à Pátria. Mesmo porque jamais haverá solução para os problemas do homem do campo sob o regime que Fidel Castro instalou em Cuba, como muitos outros agentes de Moscou têm instalado em outras nações hoje escravizadas ao jugo soviético.

Bem, o que ocorreu desde a matéria de O Globo de 13 de maio de 1961 até 1963?
Em seu curto mandato presidencial sabotado por ele mesmo, o presidente Jânio Quadros fez uma política de aproximação com os comunistas, visitando e elogiando Cuba e condecorando o guerrilheiro Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul, e restabeleceu as relações entre o Brasil e URSS e China. Aliás, na renúncia de Jânio, seu vice João Goulart estava em visita à Rússia e à China comunistas exatamente restabelecendo as relações diplomáticas entre o Brasil e esses países (veja aqui e aqui).
Antes de Goulart voltar ao Brasil para assumir a presidência no lugar de Jânio, surgiu forte resistência em relação ao seu nome por parte de alguns setores da sociedade (que contaram inclusive com o apoio de militares) por ser ele escancaradamente esquerdista e simpático à Revolução Cubana. Além do mais, seu cunhado e parceiro ideológico Leonel Brizola (casado com Neusa Goulart, irmã de Jango), então governador do Rio Grande do Sul, declarado defensor da “cubanização” do Brasil e mentor de Goulart, havia estatizado, durante seu mandato como governador gaúcho, duas empresas norte-americanas sem direito a indenização, o que criou um impasse entre o Brasil e os Estados Unidos; e também desapropriara terras para reforma agrária usando como critério uma emenda na constituição gaúcha que garantia a desapropriação de terras se houvesse tão somente um abaixo-assinado com 100 assinaturas pedindo-a. Brizola estimulou os abaixo-assinados em acampamentos de agricultores para forçar desapropriações.
Foi o temor pela “cubanização” do país em um mandato Jango com Brizola ao seu lado que fez com que, após a renúncia de Jânio, se cogitasse fortemente impedir a posse do seu vice (mesmo contrariando a Constituição) e invocar outras eleições presidenciais. Diante dessa ameaça, Brizola promoveu a chamada “Cadeia da Legalidade”, uma campanha pelo rádio em prol do cumprimento da Constituição, isto é, da posse do vice, seu cunhado Jango, no lugar do renunciante Jânio. A causa defendida por Brizola foi justa, mas isso não significa dizer que Brizola fosse defensor do cumprimento estrito da Constituição. Como seus atos à época mostraram, sua defesa foi por conveniência. Para ele, os ideais socialistas estavam acima.
Enquanto Brizola, apoiado por militares de esquerda, fazia sua campanha, formando, inclusive, uma trincheira armada de onde provocava as Forças Armadas, uma solução política já havia sido negociada no Congresso Nacional. Em 2 de setembro de 1961, foi aprovada uma emenda constitucional (número 4) alterando o regime de governo para o parlamentarismo. Com os poderes de Jango limitados ao de um chefe de Estado e não de governo, o temor em relação a um governo Goulart desapareceu e, em 7 de setembro, dois dias depois de voltar da China, João Goulart tomou posse como presidente.
A resistência inicial a Jango fez com que este engavetasse temporariamente alguns de seus projetos “cubanizadores”, passando a usar um discurso centrista, o que irritou seu cunhado Brizola. Mas, não demorou muito para Jango voltar ao seu normal. Estrategicamente, Goulart agira assim no início de seu mandato como chefe de Estado, para tentar convecer a todos que não era mais um esquerdista "carnívoro", mas "herbívoro", para, dessa forma, conquistar a confiança de seus opositores. Ele queria a volta ao presidencialismo.
Em 1962, Goulart dá os primeiros passos de retorno ao velho estilo. Ele foi à ONU tentar defender as estatizações sem indenização de Brizola no Rio Grande do Sul (veja aqui). No mesmo ano, idealizou um plebiscito para que o sistema presidencialista voltasse. O plebiscito ocorreu em 6 de janeiro de 1963 e, após uma campanha maciça de Jango, o presidencialismo venceu.
No final de 1962, o gaúcho Brizola, pretendendo estar mais perto de Jango para ajudá-lo no ano seguinte no processo de “cubanização” do país, se candidatou e se elegeu deputado federal pelo então Distrito Federal, o Estado da Guanabara, assumindo o cargo no ano seguinte.
Em 1963, Goulart, sem o regime parlamentarista para tolhê-lo e com o apoio de Brizola ao seu lado, começou seu projeto de “cubanização”. Ainda naquele ano, ele apoiou as invasões de terra das Ligas Camponesas no Nordeste, o que levou, por exemplo, o jornal O Globo a retomar o assunto da reportagem especial de 1961. Eis o texto da matéria de O Globo em 1963:
Meditem os responsáveis pelo destino do País
Há cerca de dois anos passados, sob o título-tema de "Entreguismo Vermelho”, publicamos um suplemento em forma de revista, denunciando o trabalho do comunismo internacional no sentido de arrastar para o domínio da Russia soviética muitas nações de vários continentes, principalmente as de menor desenvolvimento econômico, como o Brasil. Foi tão clara a exposição dos fatos e tão irrefutável a documentação apresentada naquele suplemento, que por muito tempo se estendeu a repercussão da denúncia, glosada em vários comentários da imprensa, em declarações de líderes políticos democráticos e em afirmações decididas de autoridades eclesiásticas.O suplemento trazia como epígrafe um trecho do discurso do Presidente Getúlio Vargas, que assim se referia aos comunistas e suas atividades anti-nacionais: “A dissiminação da mentira, a felõnia, constituem as suas armas, chegando, não raro, à audácia e ao cinismo de se proclamarem nacionalistas e de receberem o dinheiro da traição para entregar a Pátria ao domínio estrangeiro. Sejam quais forem os disfarces e os processos usados, os adeptos do comunismo perseguem, invariavelmente, os mesmos fins”.
O decorrer do tempo comprovou cada uma dessas afirmações de Vargas. Mais adiante, mostraremos que isso aconteceu em muitas partes do mundo, nos últimos dois anos. Quanto ao Brasil, porém, basta pequeno esforço de memória para relembrar que no mesmo período os comunistas dissimularam, mentiram, proclamaram-se nacionalistas, receberam dinheiro da traição e muito fizeram para entregar a Pátria ao domínio estrangeiro. E assim continuam a agir, porque embora mudem de vez em quando as condições político-sociais e, consequentemente, seus métodos de ação, o movimento comunista internacional tem sempre os mesmos objetivos, que é a entrega de nações ao domínio da Russia soviética.
O plano comunista, originário de Moscou, que denunciamos há dois anos passados, com forte reação democrática do povo brasileiro, não conseguiu os efeitos desejados pelos dirigentes vermelhos. Mas os esforços comunistas continuam, mais dissimulados, mais insidiosos, contra a liberdade e a independência deste País, deste Continente, do Mundo.
Para aferir os perigos permanentes que nos ameaçam e a muitos outros países, repetiremos os pontos básicos do plano comunista para a conquista da América Latina. Meditem sobre eles os responsáveis pelos destinos do País.

Então, a matéria repetia o texto da reportagem de 1961, o qual já apresentamos.
Em 1963, setores da sociedade civil, sentindo a forte guinada do país à esquerda, começaram a manifestar-se e a protestar contra os ideais do governo e as denúncias de corrupção que se seguiram. Sobre a mobilização popular em todo o país, escrevo no segundo artigo. Sobre a corrupção, eis um relato abaixo:

Com uma renda declarada de menos de 50 milhões de cruzeiros em 1963, Goulart, por exemplo, conforme documentos apreendidos pelo Conselho de Segurança Nacional depois que ele fugiu para o exílio – gastou 236 milhões de cruzeiros somente em suas fazendas do Mato Grosso. Enquanto Goulart insistia no confisco das propriedades dos latifundiários e na distribuição da terra aos camponeses, os registros de imóveis demonstram que ele rapidamente somava imensas propriedades às que já tinha. Só depois que Jango fugiu pôde o Brasil medir a sinceridade dele em matéria de partilha de terras. Proprietário de terras apenas em São Borja, quando iniciou sua vida pública, ao abandonar o País em abril de 64 Goulart era o maior latifundiário do Brasil, possuindo em seu nome mais de 7.700 quilômetros quadrados de terras, uma área quatro vezes e meia superior à do município do Rio de Janeiro.
E havia os que compartilhavam as oportunidades de ficarem ricos depressa. Indiscrições sobre uma possível mudança na política oficial, como sobre taxas de câmbio, davam milhões a favoritos palacianos. Empreendimentos de qualquer gênero eram vinculados a comissões e retribuições em dinheiro.
Verificou-se que um membro do estafe de Jango tinha um bico como ‘ministro-conselheiro’ de assuntos econômicos numa embaixada no exterior – emprego a que nunca dedicou um dia de trabalho, mas adicionava mais de 15 milhões de cruzeiros ao seu salário anual de oito milhões e meio. O tráfico de influência era um fato. Um dos deputados do Partido Trabalhista, de Goulart, estava fazendo uma fortuna acrescentando 1.295 funcionários à sua folha de pagamento em troca de uma fatia dos vencimentos deles.Outro negócio confortável, explorado por um do peito do Governo, era conseguir bons empregos públicos para quem pudesse pagar-lhe uma taxa de um milhão e meio de cruzeiros. Um governador de Estado estava fazendo fortuna com contrabando; outro recebeu uma verba de 6 bilhões e meio de cruzeiros para a construção de rodovias e calmamente embolsou o total.
Além de todas essas velhacarias de alto calibre, que podiam ser documentadas, inúmeros milhões de cruzeiros desapareciam sem deixar rastro no poço sem fundo da corrupção que campeava.
(...)
Especialmente mimada pelo Ministério da Educação era a UNE (União Nacional dos Estudantes), cuja diretoria era completamente dominada por vermelhos e cujos 100.000 sócios constituíam a maior organização estudantil nacional da América Latina. Durante anos, um subsídio anual do Governo, de cerca de 150 milhões de cruzeiros (valores de 64) era entregue aos diretores da UNE – sem que tivessem de prestar contas. Assim garantidos, eles se dedicavam integralmente à agitação política entre os estudantes. Parte desse subsídio era usado para financiar excursões à Cuba Vermelha e visitas a grupos de irmãos de estudantes comunistas em outros países da América Latina. (...) A UNE publicava panfletos inflamados e um jornal semanal marxista. Fingindo-se empenhado em combater o analfabetismo, um grupo da UNE passou dois meses distribuindo material de leitura, no qual se incluía o manual de guerrilhas do castrista Che Guevara – impresso em português por comunistas brasileiros da linha vermelha chinesa. Líderes da UNE especializavam-se em fomentar greves escolares estudantis, demonstrações públicas e distúrbios de rua.

A citação acima é da obra A Nação que Salvou a Si Mesma, de Clarence Hall, publicada pela Biblioteca do Exército e posteriormente sintetizada em formato de artigo na revista Seleções, do Reader’s Digest.
Em 1963 e 1964, a inflação subiu em espiral com o aumento da impressão de toneladas de papel-moeda sem lastro, fazendo o cruzeiro alcançar uma desvalorização abissal. Além disso, o capital estrangeiro fugira do país devido ao aumento das restrições a ele impostas pelo governo Jango e às constantes ameaças de desapropriação proferidas pelo presidente (vide discurso de Jango à ONU em 1962 e o apoio às invasões camponesas).
Porém, em 1964, Jango passou de todos os limites. Ele promoveu uma rebelião entre os militares apoiando militares de esquerda. E mais: anunciou, em seu discurso na Central do Brasil em 17 de março de 1964, a cartilha do golpe que planejara junto com Brizola: (1) a “superação da estrutura de governo e da ordem social vigentes”, exigindo “mudanças na Constituição”; (2) a legalização do Partido Comunista; e (3) o confisco, sem indenização em dinheiro, de qualquer área agrária julgada pelo governo como inadequadamente utilizada, a qual seria entregue a camponeses sem terra. Brizola, que discursou no mesmo evento logo após Jango, vaticinou ainda (4) “a extinção do Congresso” (sic) e (5) a instituição em seu lugar de “assembléias de operários, camponeses e sargentos do Exército”. Cerca de 150 mil pessoas assistiram o discurso, sendo milhares deles militantes de esquerda trazidos de ônibus e de trem pelo governo portando bandeiras com a foice e o martelo.
A reação foi imediata. O povo saiu às ruas. Seis dias após o evento, mais de 600 mil pessoas marcharam nas ruas de São Paulo contra as propostas do governo. Os jornais também protestaram contra o ato tresloucado de Jango, bem como todos os setores organizados da sociedade civil.
Cito, a seguir, na íntegra, três editoriais: um antes do golpe, outro durante o golpe e mais outro após o golpe. Os dois primeiros são do Correio da Manhã, um dos maiores jornais do país à época; e o terceiro é do jornal O Globo. Por estes editoriais pode-se sentir o clima da época em relação às medidas socialistas, absurdas, de Jango. Na seqüência, citarei também trechos de editorias de outros dos principais jornais do período.
Correio da Manhã
(31 de março de 1964)

“Basta!

Até que ponto o Presidente da República abusará da paciência da Nação? Até que ponto pretende tomar para si, por meio de decretos-lei, a função do Poder Legislativo? Até que ponto contribuirá para preservar o clima de intranqüilidade e insegurança que se verifica presentemente, na classe produtora? Até quando deseja levar ao desespero, por meio da inflação e do aumento do custo de vida, a classe média e a classe operária? Até que ponto quer desagregar as Forças Armadas por meio da indisciplina que se torna cada vez mais incontrolável?Não é possível continuar neste caos em todos os sentidos e em todos os setores. Tanto no lado administrativo como no lado econômico e financeiro.Basta de farsa. Basta da guerra psicológica que o próprio Governo desencadeou com o objetivo de convulsionar o País e levar avante a sua política continuísta. Basta de demagogia, para que, realmente, se possam fazer as reformas de base.
Quase todas as medidas tomadas pelo Sr. João Goulart, nestes últimos tempos, com grande estardalhaço, mas inexeqüíveis, não têm outra finalidade senão a de enganar a boa-fé do povo, que, aliás, não se enganará.
Não é tolerável esta situação calamitosa provocada artificialmente pelo Governo, que estabeleceu a desordem generalizada, desordem esta que cresce em ritmo acelerado e ameaça sufocar todas as forças vivas do país.
Não contente de intranqüilizar o campo, com o decreto da Supra, agitando igualmente os proprietários e os camponeses, de desvirtuar a finalidade dos sindicatos, cuja missão é a das reivindicações de classe, agora estende a sua ação deformadora às Forças Armadas, destruindo de cima a baixo a hierarquia e a disciplina, o que põe em perigo o regime e a segurança nacional.
A opinião pública recusa uma política de natureza equívoca que se volta contra as instituições, cuja guarda deveria caber ao próprio Governo Federal.
Queremos o respeito à Constituição. Queremos as reformas de base votadas pelo Congresso. Queremos a intocabilidade das liberdades democráticas. Queremos a realização das eleições em 1965. Se o Sr. João Goulart não tem a capacidade para exercer a presidência da República e resolver os problemas da Nação dentro da legalidade constitucional, não lhe resta outra saída senão entregar o Governo ao seu legítimo sucessor.
É admissível que o Sr. João Goulart termine o seu mandato de acordo com a Constituição. Este grande sacrifício de tolerá-lo até 1966 seria compensador para a democracia. Mas, para isto, o Sr. João Goulart terá de desistir de sua política atual, que está perturbando uma Nação em desenvolvimento e ameaçando de levá-la à guerra civil.
A Nação não admite nem golpe nem contragolpe. Quer consolidar o processo democrático para a concretização das reformas essenciais de sua estrutura econômica. Mas não admite que seja o próprio Executivo, por interesses inconfessáveis, quem desencadeie a luta contra o Congresso, censure o rádio, ameace a imprensa e, com ela, todos os meios de manifestações do pensamento, abrindo o caminho à ditadura.
Os Poderes Legislativo e Judiciário, as classes armadas, as forças democráticas devem estar alertas e vigilantes e prontos para combater todos aqueles que atentarem contra o regime.
O Brasil já sofreu demasiado com o Governo atual. Agora, basta!

Correio da Manhã
(1 abril de 1964)

“Fora!”

“Art. 83. Parágrafo único. O Presidente da República prestará, no ato da posse, este compromisso: "Prometo manter, defender e cumprir a Constituição da República, observar as suas leis, promover o bem geral do Brasil, sustentar-lhe a união, a integridade e a independência".
Este foi o juramento prestado pelo Sr. João Goulart no dia 7 de setembro de 1961, perante o Congresso Nacional. Jurou e não cumpriu. Não é mais Presidente da República. Fora!
A Nação não mais suporta a permanência do Sr. João Goulart à frente do Governo. Chegou ao limite final a capacidade de tolerá-lo por mais tempo. Não resta outra saída ao Sr. João Goulart senão a de entregar o Governo ao seu legítimo sucessor. Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: saia.
Durante dois anos o Brasil agüentou um Governo que paralisou o seu desenvolvimento econômico, primando pela completa omissão, o que determinou a completa desordem e a completa anarquia no campo administrativo e financeiro.
Quando o Sr. João Goulart saiu de seu neutro período de omissão foi para comandar a guerra psicológica e criar o clima de intranqüilidade e de insegurança, que teve o seu auge na total indisciplina que se verificou nas Forças Armadas.
Isto significou e significa um crime de alta traição contra o regime, contra a República, que ele jurou defender.
O Sr. João Goulart iniciou a sedição no País. Não é possível continuar no poder. Jogou os civis contra os militares e os militares contra os próprios militares. É o maior responsável pela guerra fratricida que se esboça no território nacional.
Por ambição pessoal, pois sabemos que o Sr. João Goulart é incapaz de assimilar qualquer ideologia, ele quer permanecer no Governo a qualquer preço.
Todos nós sabemos o que representa de funesto uma ditadura no Brasil, seja ela de direita ou de esquerda, porque o povo, depois de uma larga experiência, reage e reagirá com todas as suas forças no sentido de preservar a Constituição e as liberdades democráticas.
O Sr. João Goulart não pode permanecer na presidência da República, não só porque se mostrou incapaz de exercê-la, como também porque conspirou contra ela, como se verificou pelos seus últimos pronunciamentos e seus últimos atos.
Foi o Sr. João Goulart quem iniciou de caso pensado uma crise política, social e militar, depois de ter provocado a crise financeira, com a inflação desordenada e o aumento do custo de vida em proporções gigantescas.
Qualquer ditadura, no Brasil, representa o esmagamento de todas as liberdades, como aconteceu no passado e como tem acontecido em todos os países que tiveram a desgraça de vê-la vitoriosa.
O Brasil não é mais uma nação de escravos. Contra a desordem, contra a mazorca, contra a perspectiva de ditadura, criada pelo próprio Governo atual, opomos a bandeira da legalidade.
Queremos que o Sr. João Goulart devolva ao Congresso, devolva ao povo o mandato que ele não soube honrar.
Nós do Correio da Manhã defendemos intransigentemente em agosto e setembro de 1961 a posse do Sr. João Goulart, a fim de manter a legalidade constitucional. Hoje, como ontem, queremos preservar a Constituição. O Sr. João Goulart deve entregar o Governo ao seu sucessor, porque não pode mais governar o País.
A Nação, a democracia e a liberdade estão em perigo. O povo saberá defendê-las. Nós continuaremos a defendê-las.

O Globo
(2 de abril de 1964)

“Ressurge a Democracia!”
Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.
Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ser a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade, não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada.
Agora, o Congresso dará o remédio constitucional à situação existente, para que o País continue sua marcha em direção a seu grande destino, sem que os direitos individuais sejam afetados, sem que as liberdades públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a ser usado em favor da desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava a levar à anarquia e ao comunismo.
Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez.
Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo.
As Forças Armadas, diz o Art. 176 da Carta Magna, “são instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade do Presidente da República E DENTRO DOS LIMITES DA LEI.”
No momento em que o Sr. João Goulart ignorou a hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças Armadas, a Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo, conseqüentemente, o direito a ser considerado como um símbolo da legalidade, assim como as condições indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das corporações militares. Sua presença e suas palavras na reunião realizada no Automóvel Clube, vincularam-no, definitivamente, aos adversários da democracia e da lei.
Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.
Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. Aliaram-se os mais ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no Brasil que estava em jogo.
A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria, do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o bem do povo e o progresso do País.
Se os banidos, para intrigarem os brasileiros com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário, estarão mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas trabalhadoras, que não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso votará, rapidamente, as medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma época de justiça e harmonia social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor.
Seguem agora trechos de outros editoriais de grandes jornais da época:
"De Norte a Sul vivas à Contra-Revolução"
“Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade. Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas” (Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1 de abril de 1964).
"Multidões em júbilo na Praça da Liberdade"
"Ovacionados o governador do estado e chefes militares.O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade. Toda área localizada em frente à sede do governo mineiro foi totalmente tomada por enorme multidão, que ali acorreu para festejar o êxito da campanha deflagrada em Minas (...), formando uma das maiores massas humanas já vistas na cidade” (O Estado de Minas, Belo Horizonte, 2 de abril de 1964).
“A população de Copacabana saiu às ruas, em verdadeiro carnaval, saudando as tropas do Exército. Chuvas de papéis picados caíam das janelas dos edifícios enquanto o povo dava vazão, nas ruas, ao seu contentamento” (O Dia, Rio de Janeiro, 2 de abril de 1964).
“Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Um dos maiores gatunos que a história brasileira já registrou., o Sr João Goulart passa outra vez à história, agora também como um dos grandes covardes que ela já conheceu” (Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 2 de abril de 1964).
"A paz alcançada"
A" vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil” (O Povo, Fortaleza, 3 de abril de 1964).
“Vibrante manifestação sem precedentes na história de Santa Maria para homenagear as Forças Armadas. (...) Cinquenta mil pessoas na Marcha Cívica do Agradecimento” (A Razão, Santa Maria - RS, 17 de abril de 1964).
“Sabíamos, todos que estávamos na lista negra dos apátridas, que se eles consumassem os seus planos, seríamos mortos. Sobre os democratas brasileiros não pairava a mais leve esperança, se vencidos. Uma razzia de sangue vermelha como eles atravessaria o Brasil de ponta a ponta, liquidando os últimos soldados da democracia, os últimos paisanos da liberdade” (Revista O Cruzeiro, edição extra de 10 de abril de 1964 – Edição Histórica da Revolução, artigo Saber ganhar, de David Nasser).
“Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada” (Jornal do Brasil, edição de 1 de abril de 1964).
"...cuja subversão além de bloquear os dispositivos de segurança de todo o hemisfério , lançaria nas garras do totalitarismo vermelho, a maior população latina do mundo..." (31 de março de 1964, Folha da Tarde, do Editorial A grande ameaça).
"Quem quisesse preparar um Brasil nitidamente comunista não agiria de maneira tão fulminante quanto a do Sr. João Goulart a partir do comício de 13 de março..." (31 de março de 1964, Jornal do Brasil).
"Minas desta vez está conosco (...) Dentro de poucas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições" (1 de abril de 1964, O Estado de São Paulo).
"Feliz a nação que pode contar com corporações militares de tão altos índices cívicos. (...) Os militares não deverão ensarilhar suas armas antes que emudeçam as vozes da corrupção e da traição à pátria" (5 de abril de 1964, O Estado de Minas).
"Forças Armadas violaram a Constituição para poder salvá-la!" (6 de abril de 1964, Jornal do Brasil).
"A Revolução democrática antecedeu em um mês a revolução comunista" (5 de abril de 1964, O Globo).
Leia ainda matérias da revista O Cruzeiro, maior revista do país na época, celebrando o contra-golpe de 1964: primeiro, veja aqui como foi a Revolução de 1964 no Rio de Janeiro; depois, veja aqui como foi em São Paulo; e aqui, como foi em Minas Gerais; e ainda aqui como se deu a reação dos principais políticos da época; e aqui as explicações porque o golpe aconteceu.
No próximo artigo, os protestos e mobilização nas ruas de todo o país contra Jango, e os crimes dos terroristas de esquerda que adiaram a volta das eleições diretas e levaram ao AI-5.

Pr. Silas Daniel
http://silasdaniel.blogspot.com

Supremo Tribunal da Itália defende crucifixos e soberania nacional contra Tribunal de Direitos Humanos da Europa


Hilary White

ROMA, Itália, 6 de janeiro de 2010 (Notícias Pró-Família) — O Tribunal Constitucional da Itália deu uma decisão declarando a supremacia das leis e costumes italianos sobre as ordens do Tribunal de Direitos Humanos da Europa (TDHE). Em novembro, uma ordem do TDHE sediado em Estrasburgo para que todos os crucifixos fossem retirados das escolas públicas italianas provocou revolta na Itália. Especialistas legais avisaram que a decisão minaria as liberdades religiosas e a soberania nacional em todos os países membros da União Européia.
Mas o Supremo Tribunal da Itália disse que nos pontos em que as decisões do TDHE entram em conflito com as cláusulas da Constituição italiana, tais decisões “carecem de legitimidade”. Piero A. Tozzi, do Instituto Católico de Direitos Humanos e da Família, disse que a decisão tem o propósito de alertar contra veredictos politicamente motivados do tribunal de Estrasburgo e contra suas tentativas de ultrapassar limites de jurisdição.
Depois dessa decisão antes do Natal, veio um projeto de lei, apresentado no Senado da Itália, que pretende regular a exibição de crucifixos em todas as escolas estatais. O Senador Stephen Ceccanti, professor de direito constitucional, disse que o projeto exige que os crucifixos sejam exibidos, “considerando o valor da cultura religiosa da herança histórica do povo italiano e a contribuição dos valores constitucionais, e como sinal do valor e limites da Constituição”.
O projeto, apresentado no Senado em 17 de dezembro, propõe lidar com o problema de crianças cujos pais se ofendem com a presença de um crucifixo permitindo que outros símbolos religiosos sejam exibidos, ou que o crucifixo seja removido em casos individuais em que não se pode alcançar nenhum acordo mútuo.
Em novembro, o TDHE, órgão do Conselho da Europa que é influente nas políticas da União Européia, havia sustentado uma queixa de Soile Lautsi, uma finlandesa atéia com cidadania italiana. Ela disse que seus filhos foram obrigados a ver um crucifixo todos os dias na escola pública que freqüentavam e que isso constituía violação de sua liberdade religiosa. Ela foi compensada em €5000 (US $7200), a serem pagos pelo governo italiano.
O veredicto do TDHE disse: “A exibição compulsória de um símbolo de determinada confissão em dependências usadas pelas autoridades públicas… restringe o direito dos pais de educar seus filhos conforme suas convicções”.
O veredicto do TDHE já havia provocado ultraje nacional entre os italianos, virando manchete durante semanas. Prefeitos de várias municipalidades em todo o país responderam à ordem do TDHE de remover crucifixos ordenando em vez disso que todas as escolas e órgãos públicos que não os tivessem que exibissem um crucifixo ou enfrentassem multas diárias de até €500. Um prefeito, Umberto Macci de Priverno na Província de Latina, Lazio, no centro da Itália, até despachou a polícia local para inspecionar as escolas para garantir que os crucifixos estivessem ali.
O governo italiano prometeu recorrer da decisão do TDHE, citando o Artigo 7 da Constituição italiana que diz: “O Estado e a igreja são, cada um em sua própria esfera, independentes e soberanos”. O relacionamento entre a Igreja Católica e o Estado italiano é regulado pelo Patti Lateranensi, o Tratado de Latrão, que estabelece a coabitação e o reconhecimento mútuo das esferas seculares e religiosas e declara claramente que os crucifixos têm de ser exibidos em escolas públicas e nos tribunais.
Roger Kiska, assessor legal europeu do Fundo de Defesa Aliança, disse que o veredicto do TDHE desrespeita a “soberania cultural de cada país membro” da UE e que a decisão do Tribunal de Cassação é um sinal de que a Itália pode estar preparada para romper com o TDHE se o governo perder sua ação.
Kiska especulou que a decisão do Tribunal de Cassação pode estimular o Supremo Tribunal da Irlanda se o TDHE decidir contra a proteção constitucional irlandesa para as crianças no caso A, B, & C versus Irlanda.
Neil Addison, especialista de direito de discriminação religiosa, disse para LifeSiteNews.com que o veredicto do TDHE juntamente com a recente aprovação do Tratado de Lisboa colocando todos os países membros sob uma jurisdição, poderá ter efeito epidêmico na liberdade religiosa da Europa. Addison disse: “A menos que o Tribunal de Direitos Humanos da Europa rejeite suas próprias decisões na ação, a Itália e, aliás, o resto da Europa, tem um problema sério”.
O veredicto do TDHE recebeu respostas negativas da Grécia e da Polônia, com o presidente polonês Lech Kaczynski e a liderança da Igreja Ortodoxa Grega avisando que não haveria remoção de crucifixos ou outros símbolos religiosos em seus países.


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Governo sueco toma criança de família que educa em casa


GOTLAND, Suécia, 23 de dezembro de 2009 (Notícias Pró-Família) — Uma família cristã que educa em casa poderá permanentemente perder a guarda de seu único filho simplesmente porque educam em casa. Advogados do Fundo de Defesa Aliança (FDA) e da Associação Legal de Defesa da Educação Escolar em Casa (ALDEEC) estão juntando forças como consultores legais da família a fim de persuadir o governo sueco a devolver o menino de sete anos para seus pais.
“Os pais têm o direito e a autoridade de fazer decisões com relação à educação de seus filhos sem interferência governamental”, disse Roger Kiska, assessor jurídico do FDA, com sede na Europa. “Trata-se de um governo socialista tentando criar uma criança conforme um molde de produção de massa, conforme a imagem do Estado. Sem ajuda, os pais nesses casos ficam realmente impotentes, pois o sistema pende apenas para um lado”.
As autoridades suecas tiraram a força Dominic Johansson de seus pais, Christer e Annie Johansson, em junho do ano passado. O menino foi tomado de um avião em que seus pais haviam embarcado para mudar para o país natal de Annie, a Índia. As autoridades não tinham nenhum mandado nem haviam acusado os Johanssons de algum crime. As autoridades tomaram o menino porque crêem que a educação escolar em casa é um jeito impróprio de criar uma criança e insistem em que em vez disso o governo tem de criar Dominic.
“É um dos mais vergonhosos abusos de poder que já testemunhamos”, disse Mike Donnelly, advogado da ALDEEC. “O governo sueco diz que está exercendo sua autoridade sob a Convenção da ONU dos Direitos da Criança em seu desmantelamento desnecessário dessa família. Além disso, o Parlamento sueco está considerando uma proibição básica da educação escolar em casa. Estamos sabendo de outras famílias educadoras em casa na Suécia que estão tendo mais dificuldades com as autoridades locais. Tememos que todas as famílias que educam em casa nesse país estejam em risco”.
Os serviços sociais suecos inicialmente limitaram visitas ao menino para duas horas por semana, mas agora reduziram para uma hora a cada quinta semana, e nenhuma visita no Natal, pois os assistentes sociais estarão de férias.
Em 17 de dezembro, um tribunal sueco decidiu em Johansson versus Serviços Sociais de Gotland que o governo estava dentro de seu direito de tomar o menino. Eles citaram o fato de que Dominic não era vacinado como motivo para tomá-lo permanentemente de seus pais e também afirmaram que as crianças educadas em casa não têm bom desempenho acadêmico e não são bem sociabilizadas. A tribulação deixou o menino e seus pais traumatizados.

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Crimes de ódio e o caso dos dois “Shephards”


Muitas agressões violentas que heterossexuais sofrem de homossexuais são ignoradas no debate sobre crimes de ódio
Peter J. Smith
HARRISBURG, Pensilvânia, EUA, 21 de dezembro de 2009 (Notícias Pró-Família) — Alega-se que tanto Matthew Shephard quanto Jason Shephard foram vítimas de crimes de ódio. Alega-se que ambos foram visados por seus respectivos agressores por causa de sua orientação sexual. Mas diferente do primeiro Shephard, Jason Shephard foi assassinado por sua heterossexualidade por um agressor homossexual, e uma organização pró-família quer saber se a nova lei federal contra crimes de ódio seria aplicada em ambos os casos.
A Associação da Família Americana da Pensilvânia argumenta que os heterossexuais visados por homossexuais por causa de sua orientação sexual deveriam receber as mesmas acusações formais que recebem os heterossexuais que visam homossexuais. A nova lei federal contra crimes de ódio “Lei de Prevenção aos Crimes de Ódio Matthew Shephard e James Byrd Jr.” aplica proteções federais especiais para vítimas de crimes que são visadas por seus agressores por causa de sua “real ou percebida orientação sexual e identidade de gênero”.
Os ativistas homossexuais lutaram para aprovar o projeto de lei, que o Congresso aprovou como uma emenda num projeto de lei de defesa nacional e o presidente Obama o sancionou em outubro.
Mas e quanto aos heterossexuais visados por homossexuais por causa de sua orientação sexual? A AFA da Pensilvânia diz que se a lei tiver de ser aceita literalmente, então os homossexuais deveriam também enfrentar instauração de processos por agredir brutalmente vítimas visadas por sua heterossexualidade. Contudo, esses nomes recebem pouca atenção, principalmente nos meios de comunicação nacionais.
Diferente de Matthew Shephard — cujos agressores confessaram ter cometido o assassinato brutal por causa de drogas e não a orientação sexual dele — Jason Shephard de Filadélfia foi morto por estrangulamento em 2006 por William Smithson, de 44 anos, por resistir a seus avanços e estupro homossexual. Smithson trabalhava na empresa em que Shephard era estagiário, e premeditou o ataque sexual contra Shephard, colocando de modo despercebido uma droga de sonolência na bebida de Shephard durante um jantar. Para acobertar o crime, Smithson registrou pessoalmente um boletim de ocorrência notificando o desaparecimento de Shephard, e até se apresentou para a família de Shephard, antes que a polícia finalmente o pegasse em flagrante tentando se desfazer do cadáver em decomposição.
Na sexta-feira, o Tribunal Superior da Pensilvânia confirmou a condenação de Smithson por assassinato de primeiro grau, sentenciando-o a prisão perpétua.
E diferente de Matthew Shephard, o assassinato do heterossexual Jason Shephard cometido por um homossexual recebeu atenção quase que somente da Pensilvânia, sem que se reivindicassem iniciativas legislativas ou públicas por causa da tragédia da morte dele. O jovem que se descrevia como “um filho de cavalheiro indo ver o que o mundo tinha a oferecer” tem uma simples página no Facebook dedicada à sua memória, por amor daqueles que o conheceram.
“Quem nos Estados Unidos dá atenção a seus nomes ou agora ao nome de Amanda Collette?” perguntou Diane Gramley, presidente da AFA da PA, querendo saber se os casos de vítimas heterossexuais também receberiam a mesma proteção especial concedida a homossexuais visados pela orientação sexual sob as leis contra crimes de ódio.
Collete, uma estudante de 15 anos numa escola secundária em Miami, foi assassinada por uma colega de classe lésbica de 16 anos por rejeitar os avanços lésbicos dela. O jornal Miami Herald informou que a lésbica Teah Wimberly confessou para a polícia que matou Collete a tiros em novembro de 2008 de modo que “ela também sofresse”.
Em Prairie Grove, Arkansas, Joshua Brown e David Carpenter amarram o adolescente Jesse Dirkhising, de 13 anos, e o sodomizaram até matá-lo. WorldNetDaily relata que Dirkhising morreu em seu próprio vômito enquanto Brown e Carpenter interromperam seu selvagem ataque sexual para lanchar.
Nicholas Gutierrez de Chicago estuprou, espancou, esfaqueou e estrangulou Mary Stachowicz, de 51 anos, escondendo seu corpo debaixo do piso de seu apartamento, pelo simples motivo de que Stachowicz havia lhe pedido para deixar o estilo de vida homossexual.
Para Gramley, esses casos brutais — não menos brutais do que o assassinato de Matthew Shephard — parecem bem qualificados para receber acusações formais de crimes de ódio. Mas conforme aponta a AFA da PA, só os homossexuais como vítimas de “crimes de ódio” podem exigir atenção nacional: o assassinato de Matthew Shephard produziu mais de 3.000 notícias no mês após sua morte, enquanto só quarenta notícias apareceram no mês após o brutal estupro e assassinato do adolescente Dirkhising.
“Só o fato de que o projeto de lei contra crimes de ódio sancionado pelo presidente Obama em outubro tem o nome do homossexual Matthew Shephard revela a verdadeira intenção de seus promotores — dar proteções especiais para homossexuais, bissexuais e transgêneros”, comentou Gramley. “Predigo que os assassinatos de heterossexuais cometidos por homossexuais continuarão a ser ignorados”.
Muitas organizações pró-família suspeitavam que a Lei Matthew Shephard tinha o objetivo de tornar os homossexuais e os transgêneros uma classe protegida debaixo da lei federal. Mas permaneceram outras preocupações sérias.
Os oponentes da legislação contra crimes de ódio em geral acusam que essas leis violam o devido processo e cláusulas de proteção igual da 14ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos tornando os pensamentos de uma pessoa um fator tão importante quanto a natureza de seu ato na instauração de processos contra um crime.
Os Secretários de Direitos Civis dos EUA escreveram cartas aos líderes da Câmara dos Deputados e do Senado condenando a lei, dizendo que eles “consideram a ampla federalização do crime como uma ameaça às liberdades civis”. Os secretários também chamaram a atenção para o fato de que a lei cria uma brecha legal para as proibições da Constituição ao double jeopardy [condição de ser julgado duas vezes pelo mesmo crime], porque a lei permite que o governo federal julgue uma pessoa que já foi inocentada num julgamento estadual, pelo mesmo crime.

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Cristãos ingleses estão tentando imaginar o motivo por que “igualdade e diversidade” não se aplicam a eles


Hilary White

LONDRES, Inglaterra, 22 de dezembro de 2009 (Notícias Pró-Família) — Os cristãos na Inglaterra continuam a avisar que a planejada legislação de “igualdade” do governo expulsará os cristãos da vida pública. O Instituto Cristão, a principal organização evangélica de pressão política da Inglaterra, divulgou um relatório intitulado “Marginalising Christians” (Marginalizando os Cristãos), detalhando os muitos casos recentes de cristãos que foram disciplinados ou perderam o emprego por causa de conflitos entre fé e o secularismo cada vez mais agressivo que é patrocinado pelo governo.
As recentes leis de igualdade e diversidade do governo, diz a organização, deixam os cristãos como “os primeiros a serem punidos e os últimos a serem protegidos”.
O relatório cita uma pesquisa de opinião pública feita em janeiro de 2009 que revelou que 84 por cento dos ingleses sentiam que a liberdade de religião e de expressão está em perigo na Inglaterra.
O relatório disse que esse “crescente sentimento de intolerância que os cristãos sentem fica muito pior quando eles enfrentam hostilidade no nome da ‘igualdade e diversidade’”.
“Os cristãos tentam imaginar o motivo por que eles não estão sendo tratados de forma igual e o motivo por que a diversidade não os inclui. Eles sentem que uma hierarquia de direitos se desenvolveu que os deixa no fundo da pilha. Isso está levando a um crescente sentimento de que ‘a igualdade e a diversidade’ é um código para marginalizar as convicções cristãs”.
George Pitcher escreveu segunda-feira no jornal The Daily Telegraph que o projeto de lei de igualdade do governo trabalhista, atualmente em tramitação na Câmara dos Lordes, estava sendo usado por “secularistas parlamentares para expulsar o Cristianismo da esfera pública”.
“Qualquer questão servirá como meio para os secularistas marginalizarem os crentes. Você poderia chamar isso de discriminação, mas fazer isso debaixo da bandeira da igualdade é peculiarmente hipócrita”, escreveu Pitcher, um pastor anglicano esquerdista e editor de religião para o Telegraph.
Há, disse ele, “uma ironia deliciosa na igualdade sendo imposta na família da fé”.
Seus comentários vieram depois dos comentários de Michael Foster, ministro da igualdade do governo trabalhista, em que ele confessou que o projeto de lei poderá levar a batalhas legais entre as religiões e ativistas homossexuais. As igrejas e os ateus, disse ele, “precisam já ir preparando seu pelotão de advogados”.
“Os secularistas deveriam ter o direito de desafiar a igreja e se o argumento da igreja for bom o suficiente — que creio que é — então a igreja deveria ganhar. O governo está acostumado ao fato de que sua legislação deveria ser desafiada [nos tribunais]. As pessoas têm sentimentos muito fortes sobre essas questões. Não podemos fazer nada sobre isso e não quereríamos”.
Os bispos católicos estão entre os grupos religiosos que têm advertido que o projeto de lei levará a conflitos sérios entre a Igreja e o Estado. Eles têm dito que a lei será usada como um porrete para forçar a aceitação de homens casados, mulheres e homossexuais ativos no sacerdócio.
A baronesa O’Cathain, que é evangélica, disse para os lordes que o projeto de lei da igualdade é “o projeto de lei mais nocivo [para a liberdade cristã] a chegar diante da Câmara em meus 18 anos como membro”.
Enquanto isso, uma pesquisa recentíssima do British Social Attitudes Survey mostra que 50 por cento das pessoas dizem que são cristãs. Em 1983, eram 66 por cento. A pesquisa disse que a proporção de ingleses que dizem que “não têm religião” aumentou de 31 por cento para 43 por cento.
Só 23 por cento dos entrevistados se descreviam como anglicanos hoje, em comparação com os 40 por cento da população em 1983. Entre aqueles que se descreviam como anglicanos, metade disse que nunca freqüentou igreja e menos de um quinto disse que freqüentava igreja uma vez por mês.

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Presidente do Brasil busca garantir aborto como “direito” e proibir crucifixos em prédios governamentais


Enorme programa legislativo sendo chamado de “golpe de Estado” não violento e “ditadura” de um partido socialista
Matthew Cullinan Hoffman, correspondente na América Latina
BRASÍLIA, Brasil, 22 de janeiro de 2010 (Notícias Pró-Família) — O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva introduziu um enorme pacote de reforma legislativa no último ano de seu mandato que garantirá o aborto como “direito humano”, imporá a ideologia socialista e homossexual nas escolas e meios de comunicação e proibirá crucifixos em dependências governamentais, entre outras medidas.
O programa legislativo, que se chama Terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), estabelecerá um nível de controle sobre os meios de comunicação e propriedade privada que está sendo chamando de “golpe de Estado” não violento e “ditadura” de um partido socialista. O programa provocou protestos generalizados de instituições abrangendo desde a Igreja Católica até a liderança militar, o setor agrícola e até ministros de governo.
A liderança da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma declaração que “reafirma sua posição, muitas vezes manifestada, em defesa da vida e da família, e contrária à descriminalização do aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e o direito de adoção de crianças por casais homoafetivos”.
A liderança da CNBB “rejeita, também, a criação de ‘mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União’, pois considera que tal medida intolerante pretende ignorar nossas raízes históricas”.
Ditadura de um partido socialista?
Se o Partido dos Trabalhadores tiver êxito em impor o pacote legislativo contido no PNDH-3, receberá amplos poderes para silenciar organizações da mídia que discordem de sua ideologia, para impor sua agenda política pró-aborto e pró-homossexualismo no país inteiro e para minar os direitos de propriedade privada. Os abrangentes poderes propostos pelo governo levaram pelo um proeminente jornalista do Brasil a falar de “ditadura” de um partido.
Por exemplo, o programa trata o assassinato de bebês em gestação como “direito humano” a ser protegido pelo Estado. A Diretiva 9 inclui “Apoiar a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos”.
A diretiva também ordena a criação de “campanhas e ações educativas para desconstruir os estereótipos relativos às profissionais do sexo”.
“Educação e Cultura em Direitos Humanos”, o quinto “eixo” do programa, determina que as crianças desde a infância devem ser doutrinadas no conceito governamental de “direitos humanos”, o qual inclui “o estudo da temática de gênero e orientação sexual” com o propósito de “combater o preconceito, às vezes arraigado na própria família”.
A Diretiva 10 dá um golpe decisivo na tradição brasileira de mostrar crucifixos em dependências públicas, ordenando a criação de “mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União”.
A diretiva também propõe “Realizar campanhas e ações educativas para desconstruir os estereótipos relativos à… identidade sexual e de gênero”.
A Diretiva 19 do programa exige a criação de currículos “para todos os níveis e modalidades de ensino da educação básica” para “promover o reconhecimento e o respeito das diversidades de gênero, orientação sexual, identidade de gênero…”
As diretivas educacionais do programa terão um impacto ainda maior considerando o fato de que o governo recentemente aprovou uma emenda constitucional obrigando todas as crianças a serem enviadas para a escola a partir de 4 anos de idade.
Amplo Controle dos Meios de Comunicação e Propriedade Privada
A Diretiva 22 do PNDH-3 estabelecerá o controle estatal no conteúdo dos meios de comunicação, exigindo que as estações de rádio e TV mostrem “respeito aos Direitos Humanos nos serviços de radiodifusão (rádio e televisão) concedidos, permitidos ou autorizados, como condição para sua outorga e renovação [de suas licenças], prevendo penalidades administrativas como advertência, multa, suspensão da programação e cassação, de acordo com a gravidade das violações praticadas”.
A diretiva também determina a criação de “incentivos” para “pesquisas regulares que possam identificar formas, circunstâncias e características de violações dos Direitos Humanos na mídia”.
A Diretiva 8 propõe o uso dos meios de comunicação como porta-vozes do programa governamental de doutrinação em “direitos humanos” para jovens, determinando a “informação às crianças e aos adolescentes sobre seus direitos, por meio de esforços conjuntos na escola, na mídia impressa, na televisão, no rádio e na Internet”.
Com relação à propriedade privada, o PNDH-3 propõe que um “sistema legal” especial seja criado para a “mediação de conflitos fundiários urbanos, garantindo o devido processo legal e a função social da propriedade”. O programa usa linguagem semelhante para os conflitos de propriedade rural. De acordo com o jornal conservador espanhol El Pais, a linguagem é quase idêntica a do presidente Hugo Chavez da Venezuela, que fala do conceito de “propriedade social”.
O programa provocou choque e ameaças de demissão de elevados líderes militares por propor a criação de uma “Comissão da Verdade” para examinar crimes cometidos pelo regime militar na década de 1960 e 1970. Os líderes militares estão isentos de ações legais de tais crimes de acordo com as atuais leis brasileiras. Lula acalmou temores entre líderes militares concordando em aplicar a comissão para todas as violações de “direitos humanos”, as quais presumivelmente incluem as atividades terroristas da oposição socialista durante o mesmo período.
Controvérsias entram em erupção no Brasil
Embora o presidente Lula tenha aquietado temores de uma perseguição socialista contra seus antigos inimigos militares, o plano continua a provocar revolta e feroz oposição dentro do Brasil.
Reinaldo Azevedo, que dirige um blog para a revista mais lida do Brasil, a Veja, diz que a proposta estabelecerá uma “ditadura” dirigida pelos camaradas do presidente Lula, chama-a de um “golpe de Estado” sem derramamento de sangue e compara o governo ao de Hugo Chavez, que está gradualmente eliminando as liberdades civis na Venezuela.
Azevedo também escreve que as propostas “extinguirão a propriedade privada no campo e nas cidades” e declara que “o Regime Militar instituído em 1964 foi mais explícito e mais modesto” em suas intenções.
Dimas Lara Resende, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, comentou que “daqui a pouco vamos ter de demolir a estátua do Cristo Redentor”.
As associações de mídia e agricultura também levantaram a voz contra as propostas.
O presidente da Confederação Nacional da Agricultura, a senadora Kátia Abreu, disse que a criação de programas de mediação em casos em que as pessoas invadem propriedade privada incentivará a violência rural e prejudicará os direitos de proprietários de terras. Andre Meloni Nassar, diretor-geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais, escreve que o programa é um “funeral para o agronegócio”.
Até mesmo o ministro da agricultura de Lula, Reinhold Stephanes, rejeitou a idéia, expressando temores de que tais medidas “aumentarão a insegurança no país” e “fortalecerão organizações radicais”.
Embora o próprio Lula tenha expressado preocupação com algumas partes do programa, ele parece determinado a defendê-lo, embora o programa ameace minar a forte popularidade de Lula em seu último de governo.

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Juíza da Argentina ordena interdição ao primeiro “casamento” gay na véspera da cerimônia


Peter J. Smith

BUENOS AIRES, Argentina, 1 de dezembro de 2009 (Notícias Pró-Família) — Uma juíza de primeira instância fez uma decisão de último minuto de interditar o primeiro e iminente “casamento” de mesmo sexo da Argentina que estava para acontecer na terça-feira em Buenos Aires em união com o “Dia Mundial da AIDS”. A decisão impede que o escrivão municipal dê ao casal homossexual uma licença de casamento, mas a batalha legal está longe de terminar e provavelmente irá para o Supremo Tribunal argentino.

A juíza Marta Gomez Alsina entrou com um mandado na véspera da cerimônia que impede — mas não invalida — a decisão anterior de outra juíza de tribunal de primeira instância de entrar em vigor. Essa juíza havia decidido que as proibições de Buenos Aires ao “casamento” de mesmo sexo violavam a Constituição da Argentina.

A juíza Gabriela Seijas anunciou a decisão original de 10 de novembro de que os homossexuais Alex Freyre e Jose Maria di Bello tinham um direito legar de contrair um “matrimônio” de mesmo sexo em Buenos Aires.

Seijas declarou que dois artigos no código civil da cidade violavam a constituição, pois expressavam que só membros do sexo oposto podem se casar um com o outro.

“A lei tem de tratar todos com o mesmo respeito de acordo com suas particularidades, sem a necessidade de entendê-las ou regulá-las”, a juíza disse em sua decisão.

A ordem de Seijas se aplicou apenas à cidade de Buenos Aires, que legalizou uniões civis legalizadas para homossexuais em 2002, e não para o resto da Argentina, onde uniões civis de mesmo sexo são legais em apenas três outras jurisdições e proibidas no resto das províncias.

Os ativistas homossexuais vêm tentando abolir as leis argentinas que preservam a definição e sentido natural do casamento enviando casais homossexuais para as províncias com fanfarra a fim de produzir um “precedente legal” que, com suficiente publicidade, poderia parar no Supremo Tribunal argentino e burlar o processo democrático.

No ano passado um juiz argentino em Rosario rejeitou o pedido de Martín Peretti Scioli e Oscar Marvich de se “casarem” um com o outro, citando as restrições existentes na lei provincial. Ambos homossexuais vieram preparados para publicidade, cercados por uma companhia de políticos e celebridades argentinas, junto com um escrivão público, que oficialmente registrou a decisão do juiz.

O mandado da juíza Alsina significa que a corte de apelação da Argentina agora terá de resolver a disputa sobre a proibição de Buenos Aires ao “casamento” de mesmo sexo no código civil. O caso provavelmente irá até o Supremo Tribunal argentino.

Os ativistas homossexuais crêem que uma decisão a seu favor não só teria conseqüências para as leis de casamento para toda a Argentina, mas também reverberaria em todas as nações da América Latina, considerando a condição e influência da Argentina na região.

Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
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