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Sincretismo brasileiro, catolicismo e São Jorge


Nos primórdios da era cristã, época de Plutarco, o verbo syncretizo designava a união de diversas comunidades cretenses, quando o inimigo invadia a Grécia; esse acordo comum era syncretismos. O verbo grego Kretizo vem da ilha de Creta e significa falar e agir como um cretense. Somente a partir do século XVI, o termo sincretismo foi utilizado para designar a mistura de doutrinas filosóficas ou teológicas. Erasmo lhe deu novo significado, derivando-o do verbo Kerannyai (misturar) mais o latin crescere (syn + crescere = com cvrescer ou crescimento conjunto. A partir do século XIX , sincretismo designa a mistura de diversos cultos, divindades e religiões.”).

A luz disto gostaria de abordar os elementos do sincretismo religioso brasileiro:

1. Catolicismo medieval português: É o chamado catolicismo tradicional, que se caracteriza por ser medieval, luso-brasileiro, leigo , social e familiar. O catolicismo implantado pelos portugueses no Brasil foi o da contra-reforma, isto é, o pior tipo de catolicismo, que conservou o velho culto dos santos, com muitas práticas das supertições da idade média.

2. A cultura indígena: O índio vem contribuir na formação do animismo brasileiro com a crença na comunicação com os espíritos dos mortos ancestrais, o que resultou no culto e devoção dos últimos. Os indígenas viviam num mundo rico de lendas, cerimônias e crenças espirituais, onde os mortos e os vivos interferem e comungam entre si. O universo ameríndio era governado pelos espíritos, onde todos os acontecimentos, como a semeadura e a colheita, a caça , a pesca, a guerra e o ciclo da vida eram precedidos por cerimônias que lhe davam cunho e significado espiritual. Os índios habitantes das selvas brasileiras viviam obcecados pelo medo. Tinham crenças estranhas e eram aterrorizados pelos espíritos. Eles criam que as florestas eram infestadas pelos espíritos que se encarnavam em animais ou em membros da tribo, para encorajar ou afligir os coitados.

3. A influência africana: Os negros encontraram no Brasil um catolicismo medieval que enfatizava a participação dos santos como intermediários entre Deus e os homens. O comportamento em questão contribuiu para a sincretização cúltica de ambas culturas, onde ritmos, danças e entidades se misturavam nos eventos sociais.

Através das celebrações religiosas promovidas pela família patriarcal dificilmente os brancos se misturavam com os escravos. No entanto, era comum os negros fazerem paralelamente festas para seus deuses. Em tais ocasiões, os brancos acreditavam firmemente que os negros dançavam em glória da bendita virgem Maria e dos santos, entretanto a virgem e os santos eram apenas máscaras. Nesta perspectiva Gabriel virou Exú; Jesus, Oxalá; Maria, Iemanjá e São Jorge, Oxossi.

Caro leitor, diante desta vasta mistura não é difícil entender como este imenso país ao mesmo tempo se tornou tão religioso e tão sincrético. Isto se vê por exemplo na veneração a São Jorge que mobiliza milhares de pessoas em todo país. Na verdade, movidos por uma espiritualidade esquizofrênica multidões têm feito do “cavaleiro do dragão” a sua última esperança, onde de forma mística e "apaixonada" espíritas e católicos se unem em torno do homem da Capadócia fazendo dele um tipo de deus, cujo poder pensam ser suficente para operar milagres.

Isto se vê nas orações feitas pelos seus adeptos como por exemplo a que é praticada na Igreja de são Jorge:

"São Jorge, guerreiro vencedor do dragão, Rogai por nós. São Jorge, militar valoroso, que com a vossa lança abatestes e vencestes o dragão feroz, vinde em meu auxílio, nas tentações do demônio, nos perigos, nas dificuldades, nas aflições. Cobri-me com o vosso manto, ocultando-me dos meus inimigos, dos meus perseguidores. Protegido por vosso Manto, andarei por todos os caminhos, viajarei por todos os mares, de noite e de dia, e os meus inimigos não me verão, não me ouviram, não me acompanharão. Sob a vossa proteção, não cairei, não derramarei o meu sangue, não me perderei. Assim como o Salvador esteve nove meses no seio de Nossa Senhora, assim eu estarei bem guardado e protegido, sob o vosso manto, tendo sempre São Jorge a minha frente armado de sua lança e do seu escudo. Amém."

Caro leitor, como já afirmei inúmeras vezes as Escrituras Sagradas combatem a Idolatria. em vários textos o Senhor nos adverte que não devemos adorar outros deuses. Aliais, vamos combinar uma coisa? Essa história de veneração dos santos é absolutamente absurda, até porque, a Bíblia nos ensina que só existe um mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus.

Infelizmente o Catolicismo Romano prega de forma velada uma fé politeísta e sincrética, onde santos e objetos são vistos com milagrosos. Isto posto, afirmo que, prostrar-se diante de imagens, seguir romarias, ou rogar aos diversos santos católicos que façam milagres, é além de anti-bíblico, herético, até porque, só existe um caminho para Deus e este é o unigênito do Altíssimo.

Pense nisso!

Pr. Renato Vargens
Pastor, conferencista e escritor com nove livros publicados e dois no prelo. Pastor presidente da Igreja Cristã da Aliança em Niterói, Brasil.

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