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CAMINHOS PARA A INTIMIDADE DE DEUS


Marcelo Gomes


TEXTO:

Êxodo 3:1-14

Introdução



A intimidade de Deus é um dos grandes desafios da fé cristã. É o caminho para o estabelecimento de uma relação de amizade com Deus contra toda tentação de uma ênfase na mera religiosidade.



A Palavra de Deus aponta várias vezes para o desafio da intimidade

Sl 25:14 – “a intimidade do Senhor é para os que o temem...”

Rm 8:15 – “porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai.”

2 Co 5:18-19 – “tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.”

Um dos principais modelos bíblicos de intimidade com Deus foi Moisés:

Ex 33:11 – “falava o Senhor com Moisés face a face, como qualquer um fala ao seu amigo.”

Ex 33:15-16 – (depois da manifestação de Deus em não acompanhar o povo até a terra) – “Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar. Pois como se há de saber que achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é, porventura, em andares conosco, de maneira que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos da terra?

Ex 33:18 – (depois da concessão de Deus...) – “Rogo-te que me mostres a tua glória.”



Quando me questionam sobre por que Moisés não entrou na Terra, simplesmente respondo: “a terra nunca foi seu objetivo, mas Deus”. Eis sua recompensa.



O caminho de Moisés até a intimidade inclui 40 anos de palácio, uma fuga de última hora para o deserto e 40 anos de deserto até a experiência da sarça. Esta transforma-se no início de uma trajetória de intimidade, revelando indicações preciosas para todos quantos também desejam uma vida de intimidade com Deus.

Caminhos para a Intimidade de Deus



1. Sensibilidade para o novo, o inusitado, o sobrenatural!



Nos vv. 1 a 3 um fenômeno sobrenatural transformou-se em teste de sensibilidade para Moisés: a sarça queimava (fato corriqueiro no contexto do deserto) mas não se consumia (este, sim, o fato inusitado).

● A descoberta do novo não resulta de olhares desatentos, mas contemplativos.

Sl 19:1 – (o salmista contemplou para dizer) – “os céus declaram a glória de Deus...”

Sl 84:3 – “Até o pardal encontrou casa e a andorinha ninho para si...”

● O olhar contemplativo procura pelos sinais da presença e do poder de Deus. Como lembrou João Calvino: O mundo criado é o teatro da glória de Deus!

● A contemplação não é uma experiência de rotina, mas de rompimento. O rompimento com a rotina não é um desafio apenas secular, mas inclusive religioso. Em Lc 13:10ss, por exemplo, Jesus realiza uma cura, num sábado, de uma mulher encurvada havia 18 anos. Os religiosos reprovaram tal gesto que, segundo sua crítica, rompia a agenda religiosa.

● Deus rompe com as rotinas de toda ordem para convidar-nos à novidade de vida

Rm 6:4 – “como Cristo foi ressuscitado pela glória do Pai, assim andemos nós em novidade de vida.”

A sede pelo novo de Deus é caminho para a experiência da Intimidade.



2. Disposição para a santidade, o temor de Deus, a consagração!



Nos vv. 4 a 6 a tentativa de aproximação de Moisés é interrompida pela revelação da santidade de Deus: a terra é santa (santificada, mas não idolatrada), pela presença (santificadora) do Deus de Abraão. Moisés cobriu o rosto e teve medo de olhar para Deus (respeito).

● A aproximação com o Santo não pode ocorrer sem consciência de indignidade.

Jz 13:22 – Disse Manoá a sua mulher (depois de descobrir que o homem era o Anjo do Senhor): Certamente, morreremos, porque vimos a Deus.”

Is 6:5 – “Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!”

● A consciência de indignidade é o caminho da reverência. Emil Bruner adverte que o fim da verdadeira reverência é o fim da verdadeira religião! A verdadeira reverência é também uma descoberta do privilégio da fé.

Sl 112:1 – “Bem-aventurado o homem que teme ao Senhor e se compraz nos seus mandamentos.”

Sl 128:1 – “Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos!”

● A descoberta do privilégio da fé conduz a uma decisão de consagração.

Rm 6:1-11 – “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? 2De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?... considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.”

A consagração a Deus é caminho para a experiência da Intimidade.



3. Coragem para o compromisso, o serviço, a adoração como missão!



Nos vv. 7 a 12 o encontro com Deus torna-se desafio de envio e missão. E a prova do envio da parte de Deus é estabelecida como uma oportunidade de um novo encontro no Monte Horebe (movimento cíclico).

● Toda experiência de encontro com Deus será sempre um chamado à Missão. Como dizia Karl Barth: Não se pode ser filho de Deus sem ser um missionário!

Is 6:8 – “Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: a quem enviarei e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim.”

● Encontros com Deus são indicações do desejo de Deus de manifestar-se ao mundo.

At 9:4-5 – “Saulo, Saulo, por que me persegues? Quem és tu, Senhor? Eu sou Jesus, a quem tu persegues.” – e para Ananias (9:15-16) – “Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome.”

● Todavia, as indicações do desejo de Deus são prova de amor e não de interesse, por isso a chamada ao novo encontro. O amor de Deus estabelece como prova da missão o novo encontro.

A missão como relacionamento (e vice versa) é caminho para a Intimidade de Deus.



4. Desejo de Deus, de Conhecimento de Deus!



Nos vv. 13 e 14 o encontro transforma-se em oportunidade de saber algo mais a respeito de Deus: Qual o teu nome? É a pergunta de Moisés pela identidade do Deus que o envia. Eu sou quem eu sou! É a resposta do Deus cuja identidade é descoberta em relacionamento.

● As experiências com Deus desencadeiam sede de mais conhecimento de Deus. Como num cântico bastante conhecido: “de glória em glória te vejo; quanto mais te conheço, quero saber mais de ti”.

● O conhecimento de Deus deve ser resgatado a partir das bases de um conhecimento pela admiração (antiguidade), em oposição a um conhecimento pela posse (pós-modernidade).

● O conhecimento de Deus intensifica a convicção de necessidade de Deus

Sl 42:1 – “Como suspira a corça pelas correntes de águas, assim por ti, ó Deus, suspira minh’alma.”

Sl 130:6 – “A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã.”

A sede de Deus e de conhecimento de Deus como caminho para a Intimidade de Deus



Conclusão



A intimidade de Deus é um convite gracioso que nos faz por meio de Cristo Jesus. Está disponível e pode ser desfrutado por todos quantos crêem em seu nome. Os caminhos para a experiência plena dessa intimidade, no entanto, devem ser percorridos por cada cristão a exemplo de Moisés e do modelo que se torna para nós a partir de sua própria experiência de intimidade com Deus.


http://www.espacopalavra.com.br/sermao_caminhos_intimidade.htm

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