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Um desabafo indignado contra certos programas da televisão brasileira!


Não costumo escrever sobre assuntos a respeito dos quais nada conheço. Não gosto. Sinto como se não tivesse autoridade suficiente para certas afirmações. Exponho-me ao risco de ser facilmente questionado – e mesmo contrariado – por qualquer que tenha melhores informações sobre o tema. Isso significa, portanto, que quando ouso fazer o que não me sinto bem para fazer, estou absolutamente inquietado e indignado por causa de certas situações. É o caso!



Nunca assisti ao Big Brother Brasil. Em nenhuma de suas edições. O que sei sobre esse reality show da TV brasileira recebi via comerciais do canal em programas que ainda assisto, notícias na internet, e-mails sobre o assunto e/ou comentários de outras pessoas – e é impressionante o quanto falam sobre isso; tornou-se uma “moda”. Talvez, admito, não seja o suficiente para uma opinião aprofundada, mas acredito ter um ponto de partida para a reflexão que desejo propor. Aliás, poderíamos chamar de um desabafo. Se alguém quiser dar-me “olhos” e “ouvidos”...



O conceito do Big Brother Brasil é um insulto à dignidade humana e às bases da vida em sociedade. Uma “institucionalização” sutil mas poderosa de certos pecados contra os quais deveríamos lutar incansavelmente. É uma espécie de “embrulho para presente”, no qual escondem-se as mais nocivas e destrutivas formas de degradação moral, ética e relacional. Um atentado à inteligência, ao bom senso, ao amor, a Deus. E o pior: um retrato trágico e desconcertante da miséria humana, pois atinge altos índices de audiência.



Implicância? Talvez. O fato é que o BBB estimula o que há de mais terrível no caráter humano. Propõe uma guerra psicológica baseada em “armas” como a intriga, a calúnia, a eliminação do convívio, a dissimulação, a mentira. Premia em dinheiro – muito dinheiro! Ensina que conquistas de ordem financeira são mais importantes que conquistas relacionais. Que é preciso eliminar para ganhar. Maldizer, macular, denegrir a imagem alheia até que todos a odeiem. Que alguns milhares de reais são mais importantes que a honra e a dignidade próprias e do outro. Esquece que mais vale o bom nome que riquezas, e que o ser estimado é melhor do que o ouro e a prata (Provérbios 22:1).



Mas alguém poderia dizer: os participantes concordaram com as regras e submeteram-se! É um jogo! Não sei. Acho também que o BBB estimula negativamente seus telespectadores. Propõe que são juízes, que têm o direito de julgar o que vêem e não conhecem. Propõe que podem eliminar, punir, castigar aqueles cujo comportamento não agrada. Aliena homens e mulheres em seus problemas e desafios pessoais transformando-os em participantes descompromissados e inconseqüentes das particularidades alheias. De pessoas que nunca viram antes.



O BBB estimula a fofoca. Ensina que falar mal – ou bem – dos outros é a grande “onda” do momento. Promove propositadamente um envolvimento afetivo com pessoas escolhidas “a dedo”, tanto de ódio como de amor, por tempo limitado. Tais pessoas permitem que nelas sejam projetadas as angústias e expectativas da maioria, pois sempre haverá alguém com quem me identifique. E quanto mais pessoas mantiverem-se “presas” ao aparelho televisor, mais os anunciantes de produtos de consumo pagarão à emissora pela oportunidade de fixar suas marcas nas mentes a-críticas e manipuláveis do público brasileiro. É, no fundo, só um negócio.



Acha pouco? Não vê mal nenhum? Cada um tem a sua própria consciência. Certamente faltariam-me tempo e linhas para escrever sobre os apelos estéticos, sensuais, sexuais, liberalistas e imorais que o BBB faz ao público em cada uma de suas cenas. Não acho que a essa altura isso seja necessário. Mas acho necessário sugerir: não assista. Boicote. Rompa com esse modelo que transforma pessoas em aberrações de uma espécie de “circo” de horrores. E isso não diz respeito apenas aos Big Brothers da vida, mas aos programas de fofoca, humorísticos, de auditório, novelas, filmes e até mesmo desenhos que não contribuam na construção de uma sociedade melhor. Como dizia o salmista: ”Não porei coisa injusta diante dos meus olhos; aborreço o proceder dos que se desviam; nada disto se me pegará” (Salmo 101:3).



Compreenda, porém, o que estou realmente fazendo: não proponho um boicote à pratica de assistirmos à televisão. Proponho, pelo contrário, em nome de Cristo e da fé que nele professamos – ou mesmo em nome da ética e dos valores – que não compactuemos com programas que reduzam o valor de uma pessoa “aos bens que ela possui” (ou quer possuir). Que não compremos os produtos anunciados em programas dessa categoria. Que prestigiemos bons programas, iniciativas culturais, educacionais, promotoras de relacionamentos saudáveis, não apelativas, não sensuais.



Enfim, proponho que diminuamos o tempo à frente da TV e o aumentemos em conversas de roda, em programas com a família, na leitura de bons livros (da Bíblia, por exemplo), no desenvolvimento de habilidades naturais. Já pensou em quantas coisas boas, construtivas e úteis você poderia se envolver se tão somente assistisse a menos programas de televisão? Fica o desafio e o incentivo. Assim tenho feito ultimamente e assim tenho descoberto que a vida é muito mais que imagens. È relacionamento, fé, amor, lutas, vitórias e o desfrutar das possibilidades que, em Cristo, Deus nos oferece. Um bom programa para você!

Pastor Marcelos Gomes
www.espacopalavra.com.br

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