Marcelo Gomes
“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te pisará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar.” -- disse Deus à serpente do Jardim (Gn 3:15). Séculos mais tarde, foi Moisés quem, diante do povo, à entrada da terra, acrescentou: “Deus suscitará no meio de vós um profeta semelhante a mim. A ele ouvireis” (Dt 18:15). Estava confirmada nas origens de Israel, logo após o Êxodo, a expectativa messiânica inaugurada no Éden.
Davi e seu reinado foram importantíssimos no desenvolvimento dessa esperança. Nas palavras do salmo 89: “Fiz aliança com meu Messias, jurei ao meu servo Davi: ...firmarei o teu trono por todas as gerações“ (vv. 3 e 4). Ezequiel profetizou o reinado eterno (37:22 a 28) e também Isaías deu sua contribuição: “Um menino nos nasceu, um filho se nos deu. O principado está sobre seus ombros e o seu nome será Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz” (9:6).
São inúmeras e fundamentais, em todo o Antigo Testamento, as predições em relação ao Messias e seu Reino. Os judeus demonstraram haver entendido o recado, aguardando, com jejuns e orações, o aparecimento do Justo. Só não contavam com o que viria a dizer o mesmo Isaías, quando previu: “homem de dores e que sabe o que é padecer... e como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado e dele não fizemos caso... A Deus agradou moê-lo, fazendo-o enfermar... Quando der a sua vida em resgate de muitos...” (53:1 a 13). Nenhuma biografia, a partir de então, e em toda a história hebraica, revelava-se capaz de encarnar tudo que fora dito e predito a respeito do Emanuel (Deus conosco).
A impossibilidade imperou até que surgiu, em Nazaré, um homem chamado Jesus. Poderoso em obras e em palavras, cheio do Espírito Santo e com um ministério legitimado pelo poder de Deus, foi convidado para ser rei, mas preferiu estar com os pobres e os esquecidos. Foi desafiado a revelar sua glória, mas preferiu servir ao próximo no amor de seu Pai. Foi preso, torturado e morto numa cruz, mas ressuscitou ao terceiro dia, aparecendo a mais de quinhentas testemunhas, as quais fundaram, em seu Nome e no seu Espírito, o maior movimento da história da humanidade. Tornou-se, pela sua glorificação, o Rei exaltado de toda a criação. Seus discípulos, finalmente, puderam exclamar: “Este Jesus, a quem crucificastes, Deus o fez Senhor e Messias” (At 2:36).
O grande desafio da fé passou a ser uma decisão por Jesus Cristo: recebê-lo como o Messias prometido. Devemos crer e confessar seu senhorio, bem como sua ressurreição dentre os mortos. Repetir, ao exemplo de Pedro: “Tu és o Cristo, filho do Deus vivo” (Mt 16:16). Proclamar seu nome como um nome sobre todo nome. Em nenhum outro há salvação. Enfim, amar-lhe, de todo o coração, como ao próprio Deus; não por ser outro, mas por ser o mesmo Deus, conosco, em visita à humanidade. Emanuel é o seu nome.
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