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A FÉ QUE PRECISAMOS

Rev. Marcelo Gomes

“Agora, pois, permanecem estes três: a fé, a esperança e o amor...” (1 Co 13:13)



Os discípulos pediram a Jesus que aumentasse-lhes a fé. Tinham consciência de sua incredulidade. Sabiam o quanto lhes era difícil confiar em Deus, sobretudo quando as circunstâncias se mostravam adversas. Oscilavam quando chamados a uma decisão e insistiam assumir desafios baseados em suas próprias forças ou recursos. Eram pessoas como nós. Frágeis como nós.



Cristãos nas mais diversas situações de dificuldade questionam a suficiência de sua fé. Imaginam que não são capazes de acreditar na medida que deles se espera. Acham que se pudessem crer um pouco mais, demonstrar um pouco mais sua fé, alcançariam sua solução. Deus, para eles, é caprichoso e exigente: ignora toda manifestação de fé que não seja grandiosa e eloqüente.



Jesus deixou seus discípulos em crise. Disse-lhes que se tivessem uma fé do tamanho de um grão de mostarda moveriam montanhas. Note bem: um grão de mostarda! Queria que aprendessem que uma fé mínima já é capaz de grandes prodígios; que a menor fé pode experimentar os maiores milagres. Fé de pessoas como nós. Nem maiores, nem melhores do que nós.



Spurgeon sugeriu que não é uma grande fé, mas uma fé verdadeira que salva. Descobriu que o mais importante não é quanto cremos, mas em quem cremos. Sabia que a fé não alcança suas vitórias por ter se tornado forte e evidente, mas por encontrar como sua contrapartida a graça incondicional e irrestrita de um Deus que tem prazer em abençoar. Como orientou-nos Karl Barth: “nossas orações são fracas e pobres; contudo, não importa que nossas orações sejam fortes, mas que Deus as ouça”.



A graça do Deus em quem cremos foi-nos revelada definitivamente na pessoa de Jesus Cristo. Sua encarnação e entrega por nós, em nosso favor, quando ainda não críamos, quando ainda éramos pecadores, prova o amor de um Deus capaz de tomar a iniciativa antes e apesar de nós. Seu esforço na cruz é total e completo. Sua vitória na ressurreição é plena e definitiva. Sua chamada a uma vida de fé é firmada na bondade convincente de seu Espírito mais que na capacidade humana de responder satisfatoriamente ao seu convite.



A ênfase num suposto tamanho da fé coloca os holofotes no ser humano. Os resultados são seu mérito ou sua culpa. A ênfase na graça coloca os holofotes em Deus. Os resultados são expressão de sua soberania e amor. Quaisquer que sejam eles.



Um homem compreendeu bem o desafio da fé. Ouviu de Jesus que tudo é possível ao que crê. Respondeu que cria, mas que precisava de ajuda em sua falta de fé. Percebeu que sua necessidade não era crer mais, mas simplesmente crer. Aprendeu que seu inimigo maior não era uma fé insuficiente, mas a ausência da fé. Soube, naquele dia, que se tivesse fé como um grão de mostarda veria um grande milagre. E viu. Era um homem como nós, amado como nós.

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