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Livre Arbítrio

Algumas considerações sobre um assunto que é um campo de batalha teológico há vários séculos.

Agora que estou ficando mais velho freqüentemente vejo meu pai, que já faleceu há muito tempo, no espelho ao me barbear, e também algumas vezes quando faço uma pausa para refletir sobre minhas atitudes e ações, a "imagem" de meus pais é claramente discernível. Embora eu aprecie parte do DNA que eles transmitiram para mim, minha mulher pode confirmar que eu seria uma pessoa mais agradável se algumas dessas características genéticas estivessem ausentes! Mas independente do quanto eu tente me renovar, acho virtualmente impossível fazer alterações significativas em minha personalidade, e é somente por meio da vigilância constante que consigo suprimir algumas de minhas deficiências mais evidentes.

Portanto, minha pergunta é esta: Naqueles casos em que tentei mudar para melhor, foi minha vontade realmente livre no esforço? Embora ninguém tenha torcido meu braço para me forçar, foi a motivação totalmente interna e sem qualquer coerção? Ou tenho de admitir que as críticas e comentários negativos recebidos interferiram em minha zona de conforto, de modo que meu motivo para corrigir o problema foi egoísta? Em outras palavras, não fui virtualmente pressionado a fazer um esforço para me tornar mais aceitável aos outros?

Se vivêssemos em total isolamento, nossa vontade seria livre para fazer aquilo que vem naturalmente. O egoísmo e outras predisposições genéticas poderiam ser alegremente ignoradas porque a única pessoa que teríamos de agradar é a de número 1! Mas como o monasticismo é contrário à natureza humana, nós nos agrupamos em sociedade e as centelhas aparecem à medida que nossos egos entram em conflito! Os elementos internos que literalmente constituem quem somos e operam além do nosso controle movem-nos em padrões previsíveis tão involuntários quanto a respiração. Assim, a capacidade de alguém exercer sua vontade é claramente limitada e gera uma questão legítima sobre se a definição de "livre" pode tolerar limitações.

"De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também operai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade." [Filipenses 2:12-13; ênfase adicionada].

Por que precisaria minha vontade — minha "força" — ser ignorada e resistida? Porque sou um pecador por natureza e esse princípio foi confirmado pelo rei Davi quando declarou:

"Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe." [Salmos 51:5].

Meu amigo, não sou um pecador por que peco. O fato é que peco porque sou um pecador! Nasci pecador e enquanto permanecer neste corpo frágil criado do pó, o pecado terá um papel na definição que quem sou. Portanto, independente de quão poderosamente eu tente agir da forma contrária, todos esses esforços de minha parte não podem mudar minha natureza mais do que um leopardo pode mudar suas manchas ou um etíope mudar a cor de sua pele. (Jeremias 13:23) Somente Deus pode me fazer ser uma pessoa melhor.

Contrariamente ao que tem sido ensinado por alguns pregadores com mais zelo do que conhecimento, o novo nascimento não elimina nossa natureza pecaminosa e qualquer pessoa com um mínimo de bom senso deve ser capaz de discernir o fato que todos os cristãos continuam a pecar após serem salvos! Um estado "técnico" de perfeição sem pecado para o cristão é alcançado por meio da justificação por um Deus Santo — um decreto jurídico que nos declara perfeitos à vista de Deus — embora em termos práticos do dia a dia ainda permaneçamos pecadores merecedores do inferno enquanto estamos deste lado do céu! A razão por que muitos estão confusos com relação a esse assunto é por que eles realmente não compreendem a definição teológica de pecado — o que, falando em termos simples, envolve qualquer falha em atingir o padrão de perfeição de Deus!

"Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus." [Romanos 3:23; ênfase adicionada].

Se em alguma área de sua vida que você não é tão perfeito quanto o próprio Deus, você "errou o alvo" e isso é exatamente o que a palavra grega hamartia — traduzida como "pecado" em todo o Novo Testamento — realmente significa. Quando entendemos esse conceito, a compreensão de quão distantes estamos de alcançar o padrão de perfeição de Deus deve nos deixar envergonhados e nos fazer cair de joelhos. Portanto, embora seja impossível estar sem pecado, precisamos fazer todos os esforços para pecar menos. Então, somente com a ajuda do Espírito Santo podemos fazer qualquer avanço em direção a esse ideal.

Por esse motivo, o Espírito Santo dirigiu o apóstolo Paulo a escrever sobre sua própria luta contra o pecado após sua conversão:

"E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri. E o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte. Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou, e por ele me matou. E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom. Logo tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum; mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno. Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado." [Romanos 7:9-25; ênfase adicionada].

Como declarei em artigos anteriores, existem somente dois tipos de pecadores: os perdidos e os salvos. Pela graça de Deus somente, tenho a felicidade incomparável de estar entre os últimos. Embora como um cristão eu não possa atingir a perfeição de não pecar mais, posso, todavia, agradar a Deus tendo a disposição de tentar evitar o pecado e viver a vida cristã em sua plenitude.

O que quero enfatizar neste ponto é que antes de ser salvo, eu não poderia agradar a Deus, por mais que eu tentasse, por que minha vontade era totalmente incapaz:

"Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus." [Romanos 8:8; ênfase adicionada].

Se há alguma dúvida sobre o que Paulo quis dizer com "estar na carne ", isto é explicado no verso 9:

"Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele." [Romanos 8:9; ênfase adicionada].

A expressão "estar na carne" refere-se às pessoas em quem o Espírito Santo não reside — as massas de pessoas perdidas e não-regeneradas. Enquanto elas permanecem nessa condição é impossível agradarem a Deus ou serem aceitas por Ele!

Então, para tornar as coisas muito piores, encontramos mais informações em 1 Coríntios com relação àqueles que estão perdidos:

"Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente." [1 Coríntios 2:14; ênfase adicionada].

Essas passagens dizem claramente que os perdidos não podem agradar a Deus e nem compreender a mensagem do evangelho e, quando acrescentamos o princípio bíblico que eles estão espiritualmente mortos (Romanos 6:23; Efésios 2:1,5; Colossenses 2:13), o gorila de 350 Kg na sala é este: como eles podem mudar sua situação se não conseguem enxergar o fato que estão espiritualmente mortos e que suas almas estão correndo o risco de irem para o inferno?

"Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus." [2 Coríntios 4:4].

Com tudo isto em vista, não é uma total contradição propor que aqueles que são escravos do pecado e de Satanás tenham a liberdade de desejar qualquer coisa de uma natureza espiritual?

"Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado." [João 8:34].

"Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência." [Efésios 2:2].

Como nosso subtítulo sugere, mesmo após a passagem de vários séculos (quase dois mil anos), o princípio do livre arbítrio retém o potencial de produzir acalorados debates dentro da cristandade. A vasta maioria dos cristãos evangélicos hoje aprendeu que o homem não-regenerado tem livre arbítrio e, portanto, possui a capacidade de mudar sua mente a respeito de Cristo. Mas, ao encerrar, gostaria respeitosamente de pedir que você considere o seguinte: Uma vez que a Palavra de Deus diz que uma pessoa perdida não pode agradar a Deus, como poderia esse indivíduo mudar de idéia a respeito de Jesus Cristo, quando uma mudança genuína sem dúvida agradaria a Deus? E como é possível que essa vontade possa ter qualquer relevância devido ao fato que o indivíduo está espiritualmente morto?

Adão e Eva originalmente possuíam a capacidade de agradar ou desagradar a Deus (a definição teológica do termo "livre arbítrio") , mas acabaram perdendo a capacidade de agradá-Lo. Portanto, parece para mim que Deus é quem salva após o conselho de Sua vontade — não a vontade de um escravo do diabo, alguém que está espiritualmente morto e vivendo separado de Deus. (Efésios 4:17-19)

"Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade." [Efésios 1:4-5; ênfase adicionada].

"Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça, que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e prudência; descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade." [Efésios 1:7-11; ênfase adicionada].

"Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece." [Romanos 9:16; ênfase adicionada].

"Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas." [Tiago 1:18; ênfase adicionada].

A enganação espiritual está ao nosso redor e, em minha opinião, o conceito do livre arbítrio continua a ter um papel relevante na pregação de uma "salvação fácil" que vemos hoje. Os pregadores estão usando métodos psicológicos calculados para fazer pressão sobre os perdidos por que estão convencidos que o único obstáculo para a salvação é a vontade obstinada que eles têm. Esses pregadores acreditam que a vontade possa ser revertida por meio da pregação (e da música) calculada para impactar as emoções e aumentar a probabilidade de que alguns perdidos mudem de idéia e aceitem a Jesus Cristo. Mas o problema com os pregadores que tentam fazer a obra do Espírito Santo é que a maioria das "decisões" acabam sendo feitas na cabeça e não no coração — um fato que o próprio homem que tornou essa teologia e esse tipo de pregação populares pouco mais de cem anos atrás — o evangelista Charles Grandison Finney, reconheceu e lamentou.

Se há uma coisa de que nossas igrejas certamente não precisam é de mais joio no meio do trigo!


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Que Deus o abençoe.

Autor: Pr. Ron Riffe
Data da publicação: 25/3/2008
Revisão: http://www.TextoExato.com
A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br/p295.asp

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