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O AMOR QUE PRECISAMOS

Rev. Marcelo Gomes

“Agora, pois, restam estes três: a fé, a esperança e o amor; o maior, porém, é o amor.”



O amor não é um sentimento. Sentimentos são variações de nossa química orgânica em resposta a certos estímulos que recebemos das experiências vividas. Paul Tounier lembra que “o sentimento é um movimento; se fosse fixo, não se sentiria”. Por isso, amor não é sentimento. Se fosse, Jesus não poderia mandar-nos amar. Quem pode controlar os próprios sentimentos? Quem pode dominá-los?



O amor não é um conjunto de atitudes favoráveis em relação ao ser amado. Atitudes são importantes. Não há amor que não se expresse através de atitudes. Mas não são sinônimos. O apóstolo Paulo lembra que é possível assumir as mais louváveis atitudes sem amor (1 Co 13:1-3). Por fama, reconhecimento, inveja, orgulho ou interesse algumas pessoas são capazes de qualquer iniciativa positiva. Sem amor. Sem valor.



Deus é amor. Não apenas amoroso, mas amor. Não se trata de seu estado ou condição, como se fosse uma referência ao fato de que ama o tempo todo. Trata-se de sua essência: Deus é amor. Nada há em seu ser que possa negar o amor. Nada que possa enfrentar o amor. Nada que possa ofuscar o amor. É incondicional não apenas porque resiste a tudo, mas porque não pode sofrer variação ou sombra de mudança.



Se Deus é amor, amar é participar da vida de Deus. Experimentar sua existência concreta, real. Assumir o aspecto mais extraordinário de sua identidade divina e resgatar a beleza de nossa própria criação à sua imagem e semelhança. Se o pecado consiste em usurpar a glória de Deus pelo desejo de onipotência, a redenção consiste em nos identificarmos com Ele no amor. Quem ama é nascido de Deus.



Porque Deus existe, o amor é possível. Porque Deus é amor, somos amados de fato. Porque somos amados, podemos amar. Como lembrou-nos o apóstolo João, “nós amamos porque ele nos amou primeiro”. É na força de nosso encontro com este Deus-amor que somos capacitados a amar as pessoas ao nosso redor. Sem sua graça e amparo, tornamo-nos incapazes de amar. Inclusive a nós mesmos. Somos movidos por uma espécie de senso de sobrevivência, um instinto de auto-preservação, mas que não é amor. O amor não é amor próprio. Porque Deus nos amou, morreu por nós.



Não podemos amar as pessoas sem desfrutarmos deste amor de Deus. No máximo, podemos desenvolver afetividades interessantes, empatia, uma noção de solidariedade; nada comparável ao amor. Por isso, o mandamento: amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos. Quem ama a Deus conhece o que é ser amado por Ele. Quem se descobre amado, ama a si mesmo. Não como quem cuida de si mesmo. Não com amor próprio. Ama a si mesmo com o amor de Deus. Dá sua vida por amor a Deus. Não tem a vida como preciosa. Ama ao próximo nesta dimensão: reconhece que ele é amado por Deus e que sua vida pertence a Deus. Entrega a vida por ele, doa-se, para que através do amor Deus seja conhecido e glorificado. Deus é amor!

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