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A ESPERANÇA QUE PRECISAMOS

Rev. Marcelo Gomes

“Agora, pois, permanecem estes três: a fé, a esperança e o amor...” (1 Co 13:13)



“A esperança é a última que morre” – diz a sabedoria popular. Sugere que mesmo depois de naufragarem todas as possibilidades, e esgotarem-se todos os recursos, a esperança ainda pode resistir. Indica que não se trata de um conceito limitado às circunstâncias, mas além delas; não dependente das alternativas visíveis, mas livre de todas elas. Uma esperança forte; mas que, ainda assim, morre no final.



Esta esperança que morre por último é resistente, mas frustrante. Resistente porque é capaz de seguir sozinha, contra tudo e contra todos, mesmo depois da adversidade, na expectativa de dias melhores no futuro. Frustrante porque desanima e esvai-se quando este futuro jamais chega. É uma esperança maior do que tudo, mas menor do que aquele que espera. Se este cansa, não consegue mais esperar.



A esperança bíblica não é a última que morre. Não é uma esperança heróica, abnegada, persistente e mártir. Não é a mais forte das expectativas, nem mesmo uma espécie de “último refúgio” daquele que perdeu tudo. A esperança bíblica não morre. Não está vinculada ao ânimo do indivíduo que espera e não se perde quando este se cansa. Não se faz necessária somente quando dias melhores são desejáveis, mas inclusive quando as coisas vão bem. É uma esperança permanente.



Paulo escreveu que “a esperança não confunde, pois o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito”. Lembrou-nos que a esperança do crente é uma esperança em Deus. Não é uma expectativa de dias melhores. Não é uma “torcida” em favor de um futuro promissor. Não é um otimismo em linguagem evangélica. É uma expectativa segura no amor de Deus, uma participação presente no futuro de Deus e um descanso tranqüilo na vitória de Deus.



A esperança bíblica não morre porque não é um esperar por mudanças de qualquer ordem, num futuro próximo ou distante; é um esperar por Deus e por seu próprio futuro, pela realização de seu Reino e pelo cumprimento de todas as suas promessas. Não morre porque não é uma iniciativa individual, da coragem pessoal de alguém em situação crítica, mas um milagre do Espírito em nós, convencendo-nos, apesar de tudo, que estamos firmes no amor de Deus. É uma esperança confiante. Como afirma Moltmann, “a esperança é a companheira inseparável da fé... a fé é o fundamento sobre o qual descansa a esperança, e a esperança alimenta e sustenta a fé”.



A esperança cristã não morre porque é uma esperança em Jesus Cristo. Não apenas em seu poder, mas em sua companhia. Com ele confiamos, firmados no exemplo de sua entrega e vitória. Sua morte não foi o fim, mas a inauguração de uma nova era, na qual sua presença é real e transformadora. Jesus Cristo tornou-se, ele próprio, a nossa esperança. Como não pode morrer, uma vez que ressurgiu dos mortos para assentar-se à destra de Deus, assegura-nos, todos os dias, cansados ou não, sofrendo ou não, que nossa esperança também não pode morrer. É uma esperança bendita! Bendito seja Deus.

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